Sílvio segurava o pequeno e gelado recipiente com cuidado, como se o mundo pudesse desabar a qualquer momento. O frio do mármore da urna parecia impossível de aquecer, não importava o quanto ele tentasse envolvê-la em seus braços.
De volta ao apartamento, ele parou na entrada, olhou ao redor e, baixando a cabeça, depositou um beijo suave no topo da urna:
— Lúcia, estamos em casa. Não tenha medo, eu vou ficar ao seu lado.
A luz amarelada do abajur iluminava a sala, criando sombras suaves nas paredes.
— Sílvio, você voltou?
A voz dela ecoou em seus ouvidos, tão real que ele levantou os olhos imediatamente. E, lá estava ela, usando um avental, ajeitando pratos fumegantes sobre a mesa de jantar com um sorriso nos lábios.
Sílvio ficou imóvel, sem saber o que fazer, apenas olhando para a cena à sua frente.
— Por que está parado aí? Foi um dia difícil no trabalho? Anda, vá lavar as mãos e venha jantar. Hoje fiz seus pratos favoritos!
Ela o chamou com a voz doce de sempre, enquanto o sorriso r