— Você é tão frio, Sílvio.
Aquelas palavras perfuraram Sílvio como uma faca. A mão que ele mantinha apoiada no colchão se fechou com força, seus dedos cravando-se no tecido. Frio? Ele já tinha sido muito mais que isso. No passado, ele não apenas foi indiferente: ele a torturou, a feriu, desejou sua morte e até encomendou um caixão para ela.
Repetidas vezes, ele a machucou, proferiu palavras que a despedaçavam, acusando-a de coisas que ela nunca fez e jogando culpas que ela não merecia. Ele nunca acreditou nela. Chegou ao ponto de difamá-la, envolvendo-a em rumores com Basílio. Ele foi cruel, desumano.
Agora, com Lúcia tremendo em seus braços como um animalzinho assustado, com o rosto pálido e sem cor, ele mal conseguia olhar para ela. Um simples pesadelo a deixara nesse estado. Se ela realmente se lembrasse de algo, Sílvio não queria nem imaginar as consequências.
— Não tenha medo, Lúcia. Estou aqui com você. Sempre estarei — Disse Sílvio, acariciando seu ombro com cuidado, como se qui