Do outro lado da linha, a voz de Sílvio soou grave e firme:
— Sim, fui eu.
— Que sinceridade... — Lúcia respondeu, irritada.
Ele riu do outro lado:
— Fui eu quem fez isso. Por que eu não admitiria?
— E por que você não admite que matou alguém? Está com medo de ir para a cadeia? — Lúcia apertou o telefone com força, soltando uma risada sarcástica.
— Lúcia, eu não matei ninguém! — Ele a interrompeu, em tom de advertência.
Lúcia mordeu o lábio, furiosa. Claro que ele jamais admitiria. Como ele confessaria ser culpado de um crime? Que ele era o verdadeiro vilão?
Ela não queria continuar discutindo sobre isso, então mudou o assunto:
— Com que direito você pegou a carta que meu pai me deixou?
— A carta ainda está no cofre. Eu não me interessei em lê-la.
— Então devolve! — Lúcia retrucou, com um sorriso frio.
Mas ele não respondeu diretamente. Ao invés disso, desviou o assunto:
— Você já jantou?
Lúcia bufou, impaciente. Sempre voltava para essa questão, como se ele estivesse obcecado com a id