Lágrimas de dor, impotência e desespero começaram a rolar furiosamente pelos olhos de Abelardo. Ele não suportava ver Lúcia se humilhando daquele jeito, implorando a Sílvio. Com sua mão esquelética, ele tentou alcançar a filha, querendo limpá-la, secar as lágrimas que desciam por seu rosto.
— Sílvio, fala alguma coisa! Fala alguma coisa! — Lúcia meio que se ajoelhava no chão, enquanto o vento gelado levantava seus cabelos e a barra de sua jaqueta, cortando seu rosto como se fosse lâminas afiadas.
Ver Lúcia se rebaixando tanto enfureceu Sílvio. As veias em seu pescoço pulsaram de raiva, e ele a puxou para cima com força:
— Levanta!
— Sílvio! — Lúcia gritou com todas as suas forças, agarrando-se ao terno dele, amassando o tecido do paletó com seus dedos, tão fortemente quanto seu coração estava despedaçado.
Com o rosto sombrio, Sílvio se aproximou do ouvido dela e, com os dentes cerrados, sussurrou:
— O Dr. Arthur já está a caminho. Se você não se levantar agora, não me culpe se eu mudar