Abelardo segurou a caneta esferográfica e escreveu numa folha:
[Quero vê-lo. Você pode ajudar a marcar um encontro?]
Lúcia observou os olhos do pai, cheios de desejo. Não sabia o que ele pretendia com Sílvio, mas tinha ciência de que esse era um dos poucos desejos que seu pai mencionara.
A culpa por ter arruinado a vida de seus pais e da família Baptista pesava sobre ela. Como poderia recusar o único pedido de Abelardo? Lúcia sentia que não tinha como dizer não, mesmo sabendo que um encontro entre eles não seria adequado.
Se ao menos soubesse que o encontro no dia seguinte teria consequências tão devastadoras, ela teria feito de tudo para evitar que Sílvio fosse à sua casa no Natal.
Mas, infelizmente, a vida não oferece "se", só uma infinidade de imprevistos e sofrimentos.
Lúcia piscou os olhos secos.
Abelardo escreveu mais uma vez:
[Não se preocupe, não vai acontecer nada. O Natal é para ser celebrado em família.]
Ela mordeu os lábios, sufocando a dor que sentia, mas ainda assim