Capitulo 2

Ariel Smith

Ao chegar no estacionamento subterrâneo do hospital, estaciono o veículo e rapidamente vou para o elevador, conduzo até a recepção. Havia uma boa quantidade de pacientes quando cumprimentei a balconista e os seguranças que haviam ali. Em seguida, segui para minha sala onde havia mais duas enfermeiras novatas. Ambas parecem soberbas. Sempre aparentando serem mesquinhas ao se acharem melhores do que todos. Isso me frustra! Se pelo menos fossem médicas, talvez até tivesse alguma moral. 

 

 

Eu as evito. Em dois meses não trocamos palavras alguma além do necessário. Às vezes sequer é preciso, já que o Dr. Vladmir, o médico geral do hospital, sempre está presente nas consultas que atendemos. Somos formadas, porém não adaptadas. Ainda estamos em treinamento.

 

 

Deposito minha bolsa na mesa que tinha meu nome. As duas enfermeiras logo retiram-se para começar seu turno. Sigo para a lista de alas onde hoje eu seria responsável. Graças a essa lista, não me perco em minhas obrigações na ala de curativos, ressurreição, pediatria, queimados e dentre outros.

 

 

Meu turno agora de manhã seria a ala de parto. Embora eu ache a ala mais linda em que seguro uma vida recém nascida em meus braços e recebo toda essa maravilhosa sensação maternal, sempre me esforço para que a paciente não sinta dor alguma. Embora difícil, que seja confortável. Já eram 10h da manhã quando eu estava auxiliando a médica de dilatação.

 

 

— Me dope, por favor! Não aguento mais sentir tanta dor! 

 

 

A paciente gritava de dor. Embora eu tenha passado da conta de analgésicos para que as dores fossem mínimas, ela não para de reclamar.

 

 

— Não posso medicá-la novamente, senhorita! - informo vendo-a reprimir sua dor. — Seu corpo tem quantidades altíssimas de.. 

 

 

— NÃO IMPORTA, PORRA! 

 

 

Grita. Ela contrai-se e esmaga o canto da cama com toda a força que tem. Pragueja e grita devido a dor. O marido ao seu lado tenta acalmá-la. 

 

 

— Esse bebê não quer sair! INFERNO!

 

 

Eu a ajudava a fazer o exercício para a dilatação. A cada dez minutos eu verificava. Seu marido ajudava-a a manter a calma com carinho e cuidado. Observá-lo orientando-a a cada passo que dava é lindo. A paciente estava dando a luz a uma menina. Não estava muito feliz em ter um bebê, mas o marido estava radiante.

 

 

— Minha joaninha, aguente mais um pouquinho! - Ele a incentiva. — Nossa bebezinha irá nascer!

 

— JOANINHA É UM CARALHO SEU CABEÇUDO! 

 

 

Ela pragueja e grita. Confiro novamente a dilatação e certifico-me que o bebê deles irá nascer. 

 

 

— Estou sofrendo para parir sua filha!

 

— Senhor, por favor, ajude sua esposa a deitar-se. A dilatação já é suficiente para o nascimento de sua filha. - Informo.

 

— AH! GRAÇA A DEUS! 

 

 

A mulher fica eufórica sabendo da notícia e deita-se. Logo respirou fundo controlando sua ansiedade. 

 

 

— Vamos Dylan! Ajude-me! 

 

— Irei diminuir a anestesia. Isso a fará sentir uma dor muito forte na perda de sua barriga. Será a hora que você empurra, certo?

 

— C-Certo!

 

 

Imediatamente começou o procedimento com o máximo de calma possível. Já fiz três partos durante esses dois meses, contudo, o nervosismo ainda atinge-me. Respiro fundo para acalmar-me e não correr o risco de deixar a futura mamãe preocupada.

 

 

Não tarda até a paciente começar a sentir as dores do parto. Lembro-a de empurrar e percebo que seu marido estava parecendo um perfeito manequim modelo da vitrine de uma loja.

 

 

Céus! Que esse homem não desmaie agora!

 

 

— Isso mamãe! 

 

 

Incentivo-a quando vejo algo similar a um grande caroço em meio ao sangue de sua vagina. 

 

 

— Estou vendo a cabeça! Empurre!

 

 

Ouço um forte barulho na sala. Seu marido havia caído desmaiado e, rapidamente, foi socorrido pelas enfermeiras que estavam me acompanhando.

 

 

— Seu frouxo de merda! AH! 

 

 

Ela esbraveja de raiva e põe mais força. Assusto-me com o bebê escorregando de sua vagina. Pisco três vezes para recompor-me e cortar o cordão umbilical. Enrolou-a em uma manta e a entreguei para a mãe.

 

 

— Sua bebê é linda! - Elogio a pequena recém nascida. — Parabéns mamãe!

 

 

Ela respira rápido para recuperar o oxigênio perdido pelo esforço. Mas não evitou de sorrir ao ver sua filha.

 

(...)

 

 

Às 11h37 da manhã o parto havia sido encerrado. Seu marido logo acordou e foi levado para a ala das incubadoras onde sua filha estava. Sua esposa adormeceu e passaria mais uma noite no hospital recuperando-se até receber alta na manhã seguinte.

 

 

Pego meu celular na bolsa e ligo para Noah, meu amigo que trabalha e mora aqui mesmo em Los Angeles. Seu dom com roupas o levou a ser estilista. O fato de sua orientação sexual nunca me incomodou. Para mim é gratificante ter uma um amigo sem segundas intenções comigo.

 

 

— Valente! Como está?! 

 

— Estou ótima, Noah! E você? Te liguei para almoçarmos juntos. Está livre? - Pergunto.

 

— Para você estou sempre livre. Sabe disso.

 

— Pergunto apenas por educação. - Sorrio com meu tom convencido.

 

— Chamou a Gio? Precisamos colocar os babados em dia!

 

— Claro! Avise a Gio. - Respiro pensando onde possamos ir. — Que tal no Maccheroni Republic?

 

— Perfeito! Até lá então. - Ele desliga.

 

 

Sem demora fui para o estacionamento entrando no carro e indo de encontro a comida e, claro, meus amigos. Por Deus! Aquele parto havia me deixado faminta! Estaciono já no local marcado e adentro no lugar vendo Noah e Gio sentados numa mesa perto da entrada. Vou em direção deles e observo a expressão de Noah ao olhar-me.

 

 

— Por Deus, minha Valente! Que olheiras...

 

— Noites mal dormidas. - Sentei na cadeira. — E você sabe. Papai, acordar mais cedo que o habitual.. 

 

— Por que não vem morar em Los Angeles? Seria muito mais fácil para você. - ele sugere. 

 

— Em meu apartamento tem um quarto disponível. - Gio afirma. 

 

— Deixe que seu pai se vire. Você já é maior e não tem obrigação alguma de sustentar ele.

 

— Vou pensar...

 

— Ainda vai pensar? Sivan não merece esforço algum da filha que tem, você é um diamante em meio aquele.. 

 

— Noah! - Giovana o repreende. 

 

— Me desculpe. Apenas pense com carinho. 

 

— Então. - Gio muda de assunto sorrindo animada. — Como foi seu dia no trabalho? 

 

 

Pouso minhas costas sobre a madeira da cadeira e respiro profundamente ao lembrar do que fiz antes de vir para o restaurante encontrá-los. 

 

 

— Bem..

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