Quando me escondi atrás do sofá, o barulho dos tiros parecia ensurdecedor, cada disparo fazia meu coração saltar no peito. Antes, sempre que algo assim acontecia, eu me agarrava à minha tia, buscando conforto e segurança nos braços dela. Agora, estava completamente sozinha. A ideia de que a senhora Helena talvez não estivesse em casa me deixava inquieta. O fato de ela não ter aparecido, nem dado sinal de que tinha escutado algo, me fazia questionar: será que ela estava aqui? Será que também estava escondida em algum canto da casa? Eu queria levantar, queria correr para o quarto e me trancar lá dentro, mas o medo era maior do que eu. Minhas pernas tremiam tanto que pareciam feitas de gelatina. Era como se meu próprio corpo se recusasse a reagir.
Não sei quanto tempo fiquei ali, encolhida no chão, abraçando os próprios joelhos e rezando baixinho para que tudo acabasse logo. O tempo parecia se arrastar. Cada novo disparo me fazia prender a respiração, como se, de alguma forma, isso pudes