Capítulo II

De frente à porta, Melissa se despediu de Daniel.

— Boa noite, Daniel.

— Espera aí. Não vai me convidar para um drinque?

— A essa hora, Daniel? Não inventa. Você já bebeu demais.

— Puxa, já que estamos noivos, bem que podia me convidar para passar a noite aqui — disse ele, com cara de cachorrinho sem dono.

Melissa soltou uma gargalhada.

— Você é mesmo incrível. Boa noite.

— Espera — desta vez ele realmente parecia sério. — Espera... de verdade, eu falei sério sobre a gente ficar juntos.

— Daniel, somos amigos...

— Qual é o problema? — a interrompeu. — Namorados não podem ser amigos? — fez um curto silêncio. — Não quero ser rude, mas desde que a conheço sei que você não tem ninguém. Não costuma sair muito e... eu cansei de esperar que passe a me olhar de outra forma.

Melissa não sabia o que responder. Ele não parecia estar brincando.

Ele tocou o rosto dela delicadamente. Melissa reagiu.

— Daniel...

— Por favor, pense a respeito. Pode ser que tenhamos até sorte de sermos amigos. Com o tempo as coisas podem mudar.

— E se não mudar?

— Pelo menos tentamos.

A verdade é que Melissa já tinha se pegado pensando em Daniel falando sério alguma vez sobre os dois. Apesar de não sentir nenhuma atração avassaladora por ele, talvez tivesse razão: com o tempo as coisas mudariam. Afinal, eles tinham tanto em comum, se davam tão bem que até valeria a pena tentar.

— Eu vou pensar um pouco.

— Não tem o que pensar — ele roubou um beijo dela sem que esperasse. Melissa se afastou rapidamente.

— Gostaria que não me pressionasse.

— Certo. Não pressionarei. E quanto a amanhã, vai comigo ver minha família?

— Não, claro que não.

— Nem como amigos?

— Como amigos?

— Prometo. Tenho certeza de que vão adorar você.

— Certo, então passe aqui... às nove?

Melissa tentava processar tudo o que acontecera. Tinha dado esperanças a Daniel e, desta vez, ele parecia sério. Ele era uma excelente pessoa, até onde ela o conhecia. Poderiam até se dar bem como namorados. Só faltava entre eles aquela química que ela desejava em um relacionamento.

A propriedade, nas imediações da cidade, era enorme. Uma casa imensa ladeada de árvores frondosas, palmeiras e arbustos menores. Melissa chegou a se sentir intimidada com tanta grandiosidade.

— Não me disse que sua família era tão rica, Daniel.

— Isso é tão importante?

— Não, mas eu poderia ter me vestido mais apropriadamente.

— Você está ótima. Minha família é supersimples, pode ficar tranquila.

O que se confirmou, pois a mãe de Daniel era uma senhora de meia-idade bastante disposta, mas muito simples, e os recebeu efusivamente.

— Daniel até que enfim se dignou a trazer sua namorada para nos conhecer — disse, ignorando a mão que Melissa oferecia formalmente e beijando-lhe o rosto com um abraço caloroso.

— Desculpe, senhora, nós não...

— Mamãe, a Sofia vem para cá hoje? — Daniel mudou de assunto imediatamente, evitando que Melissa dissesse algo sobre o relacionamento dos dois.

Melissa o encarou, e ele tentou sinalizar para que não desagradasse sua mãe.

Entraram na grande mansão e Daniel seguiu a mãe, ouvindo animado as novidades que ela contava. A conversa continuou em torno da filha mais velha, Sofia, e dos filhos adolescentes. Melissa parou na sala, observando a linda cascata que formava um belo aquário em um canto da enorme sala, ao lado da escada gigante que dava acesso ao pavimento superior. Admirada, ficou observando os peixes ornamentais de vários tamanhos e cores que davam um lindo colorido ao ambiente. Enquanto isso, dona Joana e Daniel desapareceram em outros cômodos. Nem percebeu o tempo passar.

— O que foi? — Melissa se assustou com Daniel às suas costas.

— Desculpe, não resisti parar aqui para ver isso — disse, apontando para o magnífico aquário.

— Esse aquário é o xodó da minha mãe. Ela vai adorar saber que gostou — Daniel tocou o queixo dela. — Agora venha, quero que conheça a minha irmã.

O dia foi maravilhoso. A família de Daniel era incrível. Sofia a adorou e foi muito simpática com ela. Melissa já nem se incomodava mais com a mentirinha de Daniel. De repente, a ideia de pertencer àquela família já não lhe era tão impossível.

À noite, quando retornaram ao apartamento, Melissa convidou Daniel para entrar sem que ele precisasse forçar nada. Ainda precisava chamar-lhe a atenção por ter mentido daquela forma para a família e na sua presença.

— Sabe que me deve uma explicação.

— Sobre o quê? — Daniel tentou se fazer de desentendido.

— Por que mentiu para sua família sobre a gente?

— Melissa, foi apenas uma mentirinha ingênua.

— Não precisava fazer isso. Se tivesse me pedido, eu não me importaria em confirmar. Me deixou confusa na hora. Você sabe, sou péssima em improviso.

— Se pretendia aceitar caso eu sugerisse, então não precisa ficar tão chateada.

— Não estou chateada. Só não...

— Só não quer dar o braço a torcer — Daniel disse, roubando-lhe um beijo.

Melissa recebeu o beijo, mas não se deixou levar.

— Espera aí. Na verdade, foi como se ela já soubesse que eu era sua namorada. Você não me apresentou como tal, ela me chamou assim, como se já soubesse.

Daniel fez aquela cara de garoto levado e se afastou um pouco.

— Ah... digamos que eu tenha dito antes.

— Antes? E ela até já me conhecia?

Daniel abriu a carteira e mostrou uma foto dos dois juntos, tirada há meses.

— Eu não acredito nisso — Melissa não podia acreditar que ele tivera o trabalho de imprimir a foto que tiraram com o celular em um bar e colocá-la na carteira.

— Desculpe, mas ela viu essa foto e deduziu que você era minha namorada. E, para ela parar de ficar me perguntando quando eu ia me casar, eu confirmei. Desculpe. É uma mentirinha inocente. E você sabe que eu quero muito que seja de verdade minha namorada.

Daniel a abraçou, e Melissa se sentiu segura naquele abraço.

Dois meses se passaram. Nesse período, de vez em quando iam visitar dona Joana.

Na ocasião, preparavam o aniversário de sessenta e cinco anos da mãe de Daniel. Ela preferiu uma recepção no salão de sua mansão. Daniel reservou esse dia para ficar com a mãe, e Sofia também.

Melissa não cansava de observar o aquário preferido de dona Joana. E, desta vez, enquanto a mãe e os filhos se reuniam em outros ambientes daquela casa enorme, ela preferiu deixá-los a sós.

De repente, um barulho chamou a atenção de Melissa: alguém descia as escadas praticamente correndo. Ela tentou se afastar, mas, de repente, o homem que descia se chocou com ela, quase a derrubando.

Ele a segurou com mãos fortes e fitou os olhos dela enquanto ainda estava em desequilíbrio. Houve um silêncio constrangedor entre os dois, pois Melissa estava nos braços de um lindo estranho que usava apenas uma sunga e uma toalha sobre o ombro. Melissa ficou hipnotizada diante do olhar verde e profundo daquele homem, e mirou seus lábios másculos e carnudos, praticamente desejando que ele a beijasse. Mas, ao invés disso, ele a endireitou de pé e se afastou.

— Desculpe, eu não a vi aí — disse, com a voz mais sexy que ela já tinha ouvido.

Sigue leyendo este libro gratis
Escanea el código para descargar la APP
Explora y lee buenas novelas sin costo
Miles de novelas gratis en BueNovela. ¡Descarga y lee en cualquier momento!
Lee libros gratis en la app
Escanea el código para leer en la APP