Leonardo pôs o livro na mesinha, pegou os papéis ao lado das partituras e a caneta, e entregou gentilmente a ela.
- obrigada, qual seria o tema? Perguntou. - Escreva sobre algo que te deixa feliz, ou algum dia especial. Fala com a voz aveludada. Em sua juventude, Léo esteve apaixonado uma vez por Ariella, uma linda garota que conheceu na infância, ambos brincavam e se divertiam, corriam saltitantes pelas ruas de Veneza e perto dos canais, jogavam pedras na água, mas logo na juventude passavam pouco tempo juntos, Ariella não sentia o mesmo que Léo, para ela, era apenas um amigo de longa data. Em um dia de chuva, ambos estavam nessa mesma livraria, Ariella estava desenhando vestidos, e Léo estava escrevendo poesias, ele não costumava pedir para ninguém ler, mas este era um dia especial, o dia em que se declarou por ela, através de uma poesia dedicada amorosamente e especialmente para Ariella, Léo esperava que ela correspondesse seus sentimentos. " O amor é um sentimento profundo de se estimar Não importa o tempo, Desde que eu possa te amar Sei que isso é amor, posso sentir a todo momento Arde e queima em meu peito, como brasas em um fogareiro Se for obra do destino você também me amar Por você eu posso esperar, e poder sentir seu cheiro Apenas você pode acabar com esse meu tormento, Te estimo assim como te amo, Te espero assim como te quero, Por sua resposta esperarei com anseio." De Leonardo. Ele terminou de escrever com uma expressão de felicidade no rosto, aquilo era algo que não cabia em seu peito, seu coração estava acelerado, suas mãos suavam ao segurar o papel. - Ariella, você pode ler e dizer o que pensa, ou se está aceitável? Pela primeira vez, ele entregou uma poesia, no momento ela ficou um pouco surpresa, mas após terminar de ler, não expressou nenhuma reação, nenhum sorriso. - não acho que seja aceitável, não tem elogios, me parecem apenas palavras vazias. Afirmou com desdém. ele sentiu uma dor em seu peito, como se o coração estivesse sendo quebrado. - Era uma declaração de amor. Léo sentiu um aperto na garganta. - declaração de amor?hahaha. perguntou rindo. - certamente nem eu aceitaria isso como declaração, e ainda diz que escreve poesias. Ela entregou para ele, virando o rosto para o lado, agindo indiferente revirando os olhos e bufando. - você me atrapalhou, eu perdi os detalhes do vestido, está contente agora? Léo sentiu uma faca sendo enfiada em seu coração, um aperto na garganta, ele mordeu os lábios e respirou fundo, se levantou devagar e saiu levando consigo a declaração de amor, Ariella ficou e continuou desenhando, sem notar que ele havia ido embora na chuva sem se importar se ia ficar doente ou não. Aquele momento foi marcante em sua vida, jamais conseguiu se apaixonar novamente ou verdadeiramente, porém jamais deixou de escrever poesias, por mais que tenha sido dolorosa a sua rejeição, escrever era a única maneira de expressar o que sentia, e conhecer alguém que o entendia, fazia se lembrar do passado. após aquele dia, se viram poucas vezes, em eventos sociais entre as famílias e sempre que a via, ela estava belíssima. em um dos eventos, ambos se esbarraram sem querer no corredor do salão de festas da casa dos Vitale. - senhorita Ariella. ele a cumprimentava sempre a cordialmente, mas não ousava beijar a mão dela. Ariella, por outro lado, ignorava sua presença, nem ousava olhar para ele, e se olhava, era com desprezo. - com licença, senhor Vitale. com um sorriso ela sempre se retirava em seguida. ele ficava ali parado atônito. sentindo um pequeno aperto no peito. " não adianta fazer nada, ela certamente não gosta de mim, não Forcarei amizade, a partir de hoje, seremos apenas conhecidos, como ela mesma parece desejar isso." pensou consigo mesmo e de repente ele sentiu que deveria pôr um ponto final naquela história, guardou seus sentimentos para si mesmo. Com o tempo, Ariella se tornou uma linda mulher, cobiçada por muitos, a procura de pretendentes, mas jamais aceitava qualquer um, já Leonardo seguiu seu caminho esquecendo o primeiro amor do passado, focando nos estudos logo se tornando um engenheiro conhecido. Leonardo afastou seus pensamentos sobre o passado, e se concentrou no momento com Elisa, estava muito animada escrevendo, e Léo, apenas observava cauteloso, uma mulher estava escrevendo para ele, o que sentiu no momento, ainda era estranho, não queria sair dali, parecia um reflexo de si mesmo. E pensar nisso fazia questionar se almas gêmeas existiam, ou estava se precipitando novamente, mas o que ela escreveu, fez mudar de ideia. " Através do seu olhar Não existem olhos vazios, mas há aqueles que guardam segredos, Porém o que vejo nos seus, é a verdade através do seu olhar, são seus medos. Vejo a dor, a dor que eles escondem, Também há a tristeza, a mágoa em seu coração, assim como os trovões que te consomem. Seu olhar não é vazio, muito menos sombrio, é belo Intenso como a corrente de um rio. Sei que há segredos neles, Disfarçado como uma máscara, Esse vazio esconde a beleza existente dentro deles." Carinhosamente, Elisabetta. - pronto, terminei, leia e me diga se está aceitável. Ela pôs a caneta na mesa, em seguida entrega a folha para Leonardo, que lê em silêncio, cada palavra escrita, descrevia um pouco os seus sentimentos atuais. A dor a mágoa, ele não pode evitar mostrar uma expressão de felicidade, em um sorriso leve. Após terminar de ler, ele olhou para Elisa e confirmou com a cabeça. - está aceitável, mas devo dizer, a senhorita escreve muito bem. Afirmou com sua voz aveludada, e ela sorri entre dentes novamente. - agradeço. - então devo lhe escrever uma, afinal o dia está ótimo para escrever poesias, dançar entre caneta e papel, não acha senhorita? Léo pega uma folha e a caneta, Ela o convenceu, apenas descrevendo o olhar dele. - sobre o que a senhorita deseja ler?perguntou empolgado. - quero ler algo que me deixe feliz. - e o que a deixa feliz, além de compôr partituras? Pergunta curioso. - o senhor diria que é no entanto clichê. estava envergonhada passando uma mecha para trás da orelha. - se for um segredo pode me dizer? Mesmo que seja bem baixinho no meu ouvido. Ele se inclina deixando o rosto em frente ao dela, desce o olhar para os lábios vermelhos daquela mulher, e por pouco, se contenta em não roubar um beijo, afinal, acabou de conhecê-la, mas sente que conhece há uma vida inteira.Ela encara os olhos dele, e também olha para os lábios sedutores daquele homem o que faz corar de imediato.Ela morde o lábio inferior de maneira que seja imperceptível, chegando mais perto sentindo seu coração acelerado ao sentir o perfume amadeirado dele de perto, e no ouvido direito, com um doce sussurro - o que me deixa feliz, são rosas vermelhas, e passear de barco, ou dançar a luz do luar. Ele se aproxima do ouvido direito dela, fazendo Elisa sentir um leve arrepio. - entendi. se afastando e posicionado começou a escrever.- não é clichê minha senhorita, é interessante, é inspirador.pontua empolgado. "Perfume de rosas vermelhas ao luar Sob a luz prateada do luar, Dançam gotas de perfume raro, Rosas vermelhas, amor e paixão, Em cada molécula, um cantar. O aroma sedutor, suave e doce, Enche o ar de mistério e magia, Luz do luar, sobre pele roce, E o perfume de rosas alma envolve. No jardim noturno, onde sombras dançam, As rosas vermelhas, segredos sussurram, Seu perfume, um convite ao sonho, Sob o luar, corações se rendem." Para Elisa, de Leonardo Vit
A criada sai, junto com Elisabetta do quarto, e ambas descem as escadas, a criada vai para a cozinha, enquanto Elisabetta encontra com seu pai o pretendente e sua avó Adelaide no salão Fiori, ainda não estavam sentados nas cadeiras, estavam esperando a jovem chegar. - boa noite, pai. Elisabetta cumprimenta serena, como a lua. - noite tranquila senhor. Bruno foi cordial em uma postura impecável. - boa noite a todos. Senhora Adelaide cumprimenta balançando a cabeça para cima e para baixo. - Elisabetta, conheça Bruno Rossi, um homem Lorenzo os apresenta. Bruno pega a mão de Elisabetta e beija sentindo seu perfume de jasmim. Elisa observa atentamente, ele estava com um terno preto, camisa branca e gravata borboleta, calças pretas, sapato de couro fino, seus cabelos eram pretos, e seus olhos da mesma cor, seu maxilar forte, um belo nariz afilado, sobrancelhas finas arqueadas, aparentemente mais velho que Leonardo. -estou honrado em conhecê-la senhorita Elisabetta. Você supero
- talvez haja um equilíbrio entre amor e obrigação. com um sorriso forçado Bruno não a provocou, apenas tentou amenizar o conflito entre Elisabetta e a família. Lorenzo por sua vez já esperava esse comportamento protestante de Elisabetta, ele apenas ignorou o comportamento dela e se levantou da mesa de forma sutil, respirando profundamente. - o casamento é um tema complexo, discutiremos em breve os detalhes. Bruno se levanta em seguida olhando para o relógio novamente. - compreendo e concordo plenamente. Elisabetta ainda sentada, suspira derrotada chamando a atenção do homem a sua frente, ela não imaginava que ficaria tão desconfortável com toda essa situação durante o jantar. - eu preciso refletir sobre isso. Bruno, no entanto, parecia estar compreendendo, ele queria possui la logo, torná-la sua esposa o mais rápido possível. - agradeço pelo jantar, estava esplêndido, mas devo encerrar a noite. Ele fiz alinhando seu terno e arrumando a gravata borboleta. Lorenzo olha fr
Ela sabia da atual situação, a família não estava falindo, ele estava apenas se preocupando que seu filho estivesse passando tempo demais no trabalho e acabasse sozinho pelo resto da vida. Ela sabia a verdade, porém esperava que Pietro demonstrasse preocupação com Leonardo, mas não dessa maneira, apenas conversando sobre, mas Pietro não sabia conversar com o próprio filho, era duro demais com o rapaz. Pois via um homem, e não mais o seu bebê pequeno que corria pela casa com um fano entre as pernas. Ariella assistia tudo atônita, porém tomou uma atitude manipuladora. - senhor e senhora Vitale, acho que devo ir embora, falaremos sobre o casamento outra hora, quando todos estiverem calmos. Com um sorriso e um tom doce e gentil, levantou-se da mesa de jantar. - sente se minha querida, você não comeu nada, se sair de barriga vazia, ficará doente no frio lá fora. A mãe de Leonardo pediu com educação, foi tão serena que Ariella não recusou, aceitou e sentou-se novamente. Leonardo encar
Na semana seguinte pela manhã, Elisa já estava pronta para sair, e estava animada, desceu rapidamente as escadas, encontrando seu pai tomando uma xícara de chá. - Buongiorno! Ela o abraça em seguida dá um beijo na bochecha de Giulia. - essas leituras estão te fazendo muito bem! Comenta Lorenzo, e Giulia concorda dando uma mordida em um pão crocante e quentinho. - sim! são maravilhosas. Elisa pega uma maçã e leva sua cesta que havia preparado mais cedo. - até mais tarde- se despede. - tenha uma boa leitura- Seu pai acena com um sorriso. no caminho para a livraria, Elisa observava tudo ao redor, e percebeu o quão lindo estava o céu naquela manhã, azulado, com nuvens amareladas, os raios de sol rodando uma vista colorida e dourada em seu caminho. Ao ver Leonardo parado em frente a livraria, sentiu borboletas em sua barriga. ou será que era fome? O cocheiro abriu a porta da carruagem e a ajudou a descer. - muito obrigado, ah e venha me buscar antes do jantar aqui neste
Preocupada, apenas olhava de relance para Elisa, com o canto dos olhos, decidindo perguntar ou não. - Elisa? Giulia perguntou com um olhar preocupado, tirando Elisa de seus devaneios. - como? - nada não. Analisou as mãos, Elisa estava nervosa com sua irmã, ela a viu assustada naquela noite, correndo, enquanto o homem estava com dor pondo a mão na boca. Giulia estava na varanda do quarto, olhando as estrelas como sempre fazia. "vovó me disse que assuntos assim devem ser evitados, que é para perguntar apenas se for uma emergência, em que algo esteja em risco, o que eu faço? Elisa estava claramente assustada, devo perguntar? não quero que ninguém machuque minha irmã." pensa consigo mesma. - eu vi tudo naquela noite. então deixa escapar,deixando Elisa congelada com uma expressão de pânico por um momento engolindo em seco, ela sabia que não era apropriado contar para ninguém, mas Giulia é sua única confidente além de sua avó, mesmo tendo apenas onze anos, ela pensava como u
Leonardo tentou controlar seus ciúmes, não queria mostrar sua vulnerabilidade diante de Bruno. Mas era difícil ignorar a forma como Bruno olhava para Elisa, como se ela fosse sua propriedade. Bruno, percebendo a tensão, sorriu ainda mais. -Então, Elisa, qual é o seu tipo de flor favorito? Ele perguntou, aproximando-se dela de forma invasiva. Elisa sentiu-se desconfortável com a proximidade de Bruno e tentou se afastar, mas ele a segurou pelo braço. - Não precisa se afastar, minha querida. Estou apenas tentando conhecer melhor seus gostos. Giulia, sentindo a tensão, agarrou-se à mão de Elisa, olhando para Bruno com desconfiança. Leonardo, vendo a cena, sentiu seus ciúmes explodirem. - Eu acho que Elisa já respondeu sua pergunta, senhor Rossi. Ele disse, tentando manter a calma. Mas Bruno não se intimidou. - Ah, não, não respondeu. E eu estou ansioso para saber. Ele olhou para Elisa, esperando uma resposta. Elisabetta olhou para Bruno com desagrado, sentindo-se desco
Lorenzo caminhou pelo cais, observando as embarcações que se balançavam suavemente na água. Ele havia decidido fazer uma visita às embarcações na empresa de Bruno para verificar como estava o andamento dos negócios. Ao se aproximar de uma das embarcações, ele notou que havia algo estranho. A marcação da sua família, que era uma tradição que remontava a gerações, estava em uma das embarcações, mas não era uma de suas embarcações, era de Bruno. Lorenzo sentiu um arrepio. Algo não estava certo. Ele chamou um se seus capitães e perguntou sobre a marcação. O capitão pareceu nervoso e hesitou antes de responder. - Eu... eu não sei, senhor. Eu não notei que a marcação estava ali. Lorenzo sabia que o capitão estava mentindo. Ele podia ver a culpa nos olhos dele. - Eu quero que você investigue isso-, disse Lorenzo, sua voz firme. - Eu quero saber o que aconteceu com a marcação da família. O capitão assentiu e se afastou, deixando Lorenzo com mais perguntas do que resposta. aprove