O elevador abriu silenciosamente no andar da cobertura, revelando Ethan e Helen lado a lado. O dia tinha sido longo, arrastado e cheio de reuniões intermináveis na empresa, mas ali, fora dos olhares, contratos e formalidades, eles pareciam… quase leves, ou estavam tentando. O problema era que a tensão sutil que vinha crescendo entre eles há dias, ou talvez, semanas, parecia só ganhar força quando estavam a sós.Ethan lançou um olhar para ela enquanto jogava as chaves displicentemente no aparador e começava a abrir os botões da camisa.— Eu tô morrendo de fome — declarou com um drama teatral, massageando o estômago como se estivesse à beira da morte.Helen soltou uma gargalhada e pendurou a bolsa no encosto de uma cadeira.— Vai tomar banho enquanto eu peço comida — mandou ela, já pegando o celular.Ethan lançou-lhe um olhar ultrajado, o canto da boca puxando num sorriso travesso.— Tá certo, mamãe — resmungou, caminhando de costas em direção ao quarto. — Mas pede sushi! — gritou ant
A sessão de filmes seguiu entre risadas, comentários debochados e olhares cada vez mais demorados. Helen, ainda aninhada no peito de Ethan, havia trocado as pantufas pelo cobertor de elefante e agora estava encolhida entre as almofadas, com os olhos pesando de sono.— Se eu dormir aqui… você me joga no corredor? — ela murmurou, já meio sonolenta.— Claro que não, chatinha. Só se você roncar.— Eu não ronco.— Veremos.Ela deu um tapa leve no ombro dele e riu. Ethan passou a mão por seus cabelos mais uma vez, e foi o último movimento antes do silêncio vencer.Minutos depois, os dois dormiam abraçados no sofá, cobertos até o pescoço, com as pernas entrelaçadas, o cobertor escorregando preguiçosamente pelo chão. A chuva continuava lá fora, como trilha sonora do que estava se tornando um tipo de intimidade que não precisava de palavras.Manhã seguinte…A luz dourada da manhã filtrava-se pelas frestas da cortina. A sala estava em silêncio, exceto pelo som suave da respiração de dois corpos
A manhã avançava devagar, como se o tempo estivesse em conluio com o universo para não interromper o momento entre os dois. A cozinha ainda cheirava a café fresco, e as pantufas de panda descansavam perto da porta, como sentinelas de um sentimento que acabava de florescer.Helen e Ethan estavam abraçados junto à bancada, os corpos colados num encaixe natural, como se tivessem feito isso a vida toda. Ele brincava com uma mecha do cabelo dela, enrolando no dedo com distração, enquanto desenhava círculos com o dedo sobre o peito dele, onde o botão da camisa ainda estava aberto.— Ethan… — ela começou, com a voz baixa — sobre a viagem…Ele não respondeu de imediato. Apenas deslizou os dedos até o queixo dela e a fez olhar em seus olhos.— Eu quero que você vá comigo. Quero que você vá como… você. A mulher que me faz rir, que me faz pensar, e que me faz… — ele suspirou, pressionando a testa contra a dela —… ficar nervoso como um adolescente quando acorda com a mão dela no lugar errado.Hel
O shopping estava movimentado naquela tarde de sexta, mas dentro da luxuosa boutique onde Helen estava com Zoe e Tânia, parecia que o mundo lá fora tinha ficado em segundo plano.Araras de roupas sofisticadas, manequins com lingerie ousada e espelhos que refletiam mais do que apenas silhuetas, refletiam possibilidades.— Helen, pelo amor de Deus, você não vai levar só calça de alfaiataria e blusas de gola alta pra Rússia, vai? — exclamou Tânia, já com três peças penduradas no braço.— Claro que não! — Helen riu, meio sem jeito. — Mas também não vou desfilar de renda no aeroporto.— Ai, que mulher comportada. — comentou Zoe, com um olhar matreiro. — Aposto que quando o Ethan aparece sem camisa na sala, você finge que não olha.Helen pigarreou, vermelha, e desviou o olhar.— Eu… não é bem assim…Tânia se aproximou e colocou uma peça na frente dela. Uma lingerie cor de vinho, com renda delicada, decote profundo e alças finíssimas.— Imagina isso… debaixo de um casaco pesado, num quarto d
A neve fina caía como uma dança silenciosa do céu pálido de Moscou quando o carro preto parou em frente ao majestoso Hotel Zorya Imperial. A fachada, imponente em mármore branco e vidro fumê, reluzia sob a luz dourada do entardecer, como se a cidade estivesse pronta para receber dois personagens de um filme prestes a mudar de rumo.Ethan saiu primeiro, ajustando o sobretudo escuro com uma elegância despreocupada. Logo atrás, Helen deslizou para fora do carro, envolta no cachecol macio, os olhos curiosos devorando a paisagem nevada. A cidade parecia um cartão-postal vivo, e ela, apesar do frio, sentia-se estranhamente aquecida — talvez pela mão de Ethan que roçou discretamente a sua, num gesto cúmplice e silencioso.O porteiro os saudou com uma reverência contida, e os dois cruzaram o saguão luxuoso do Hotel Zorya Imperial. Helen prendeu a respiração. Candelabros de cristal pendiam como estrelas congeladas do teto altíssimo. Espelhos antigos refletiam a luz quente das arandelas, e o má
O céu de Moscou escurecia aos poucos, tingido de tons azul-acinzentados, enquanto as luzes da cidade começavam a brilhar como um colar de jóias espalhado por entre as ruas nevadas. A suíte de Ethan e Helen já estava mergulhada em uma penumbra confortável quando o celular vibrou com a notificação do restaurante reservado.— Você vai usar aquele vestido preto? — perguntou Ethan, escorado na moldura da porta do banheiro, com os olhos percorrendo o reflexo de Helen no espelho.Ela o fitou pelo espelho com um meio sorriso, o batom a meio caminho dos lábios.— Por quê? Vai querer me tirar ele antes da sobremesa?Ethan arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços.— Só se for no elevador.Helen riu, virando-se para ele. Estava deslumbrante. O vestido, ajustado na medida, revelava suas curvas com elegância, e o decote em V mostrava o suficiente para que ele engolisse seco e não fosse só pelo vinho que tomariam depois.— Você devia ser preso por andar assim pela cidade — provocou ele, caminhand
A porta do banheiro se fechou com um clique suave, mas Ethan ficou parado no mesmo lugar por alguns segundos, como se estivesse tentando processar o que acabara de acontecer. Helen, de vestido preto, olhar afiado e um sorriso que derretia até o gelo russo, acabara de provocá-lo até o limite… e depois desaparecera atrás de uma porta.Ele passou a mão pelo rosto, caminhando até o bar da suíte. Serviu-se de um gole de uísque e bebeu devagar, o olhar fixo na parede de vidro que mostrava Moscou iluminada. O mundo lá fora parecia congelado no tempo, mas dentro dele… tudo queimava.Quando ouviu o som do chuveiro sendo ligado, seu corpo reagiu no mesmo instante. Cada provocação de Helen, cada gesto dela naquela noite, desde o vestido colado ao corpo até o jeito como provava a sobremesa da colher dele, parecia ter sido feito sob medida para testar sua sanidade.Mas ela era mais do que apenas desejo. Havia algo em Helen que o fazia querer permanecer. Que o fazia não apenas querer despí-la… mas
A luz suave da manhã filtrava-se pelas cortinas semi abertas da suíte do Zorya Imperial, atingindo os lençois brancos com um dourado discreto. O silêncio era quebrado apenas pelo som abafado da neve caindo do lado de fora, como se o mundo lá fora estivesse em modo soneca. Dentro do quarto, porém, um outro tipo de calor pairava no ar.Helen abriu os olhos lentamente, espreguiçando sob os lençois bagunçados. Sentia os músculos relaxados, a pele ainda sensível e o coração… perigosamente leve. A primeira coisa que viu ao virar-se foi o rosto de Ethan, deitado ao seu lado, com os cabelos bagunçados, barba por fazer e um sorriso preguiçoso estampado nos lábios.— Bom dia, senhora Carter. — murmurou ele, com a voz rouca e irresistivelmente grave. — Dormiu bem depois de ontem à noite… ou preferia não ter dormido?Ela riu, enfiando o rosto no travesseiro por um segundo.— Você não tem um botão de desligar, né?— Não desde que me casei com uma mulher que geme meu nome daquele jeito. — respondeu