O dia amanheceu calmo, mas o ar parecia carregado — como se o silêncio escondesse algo prestes a acontecer. Mal havia dormido; as lembranças da conversa com Lucas ecoavam em minha mente, girando sem descanso.
Pela manhã, Ana apareceu no quarto com o pequeno Artur nos braços e um sorriso animado.
— Acorda, dorminhoca. Hoje você vem comigo. — disse, abrindo as cortinas e inundando o quarto de luz.
— Com você pra onde? — perguntei, ainda sonolenta.
— No shopping, ora. Preciso comprar umas coisas e você vai junto. Um pouco de distração vai te fazer bem.
Hesitou, ajeitando o travesseiro. — Não sei, Ana... melhor não. Prefiro ficar por aqui.
Ana arqueou uma sobrancelha, já acostumada com a minha resistência. — Aurora, você tá presa em casa há dias. Vai fazer bem sair um pouco, tomar um café, ver gente. E eu estarei com você, tá?
Respirou fundo. Por mais que a ideia de sair me deixasse apreensiva, não queria preocupar Ana. Acabei cedendo.
— Tá bom… mas só um pouquinho.
Poucas horas