Capítulo 44
Maeve Jhosef
O amor não me pediu permissão.
Ele apenas se sentou ao meu lado, tocou minha mão, e ficou.
Era estranho — e bonito — como as coisas não mudaram por fora, mas tudo dentro de mim já não era mais o mesmo. O ar que eu respirava parecia mais leve. Ou talvez eu apenas tivesse aprendido a respirar diferente desde que Isaac passou a ocupar espaços que nem eu sabia que existiam em mim.
Trabalhávamos lado a lado como sempre.
Olhares trocados no corredor. Toques acidentais nas pranchetas. Reuniões longas em silêncio produtivo.
Ninguém imaginava o que se escondia por trás da nossa neutralidade impecável.
E ainda assim, às vezes, quando eu o via falar com alguém, parte de mim queria gritar ao mundo: eu conheço o coração que ele tenta esconder. Eu toquei onde ninguém jamais tocou.
Mas não dizia.
E ele também não.
Era nosso.
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No final da semana, escapei sozinha até a parte mais discreta da cidade.
Um pequeno ateliê que vendia peças feitas à mão. Um lugar que Zola recomen