Capítulo 21
Algumas promessas não morrem — elas apenas aprendem a doer em silêncio. — Marjorye Sandalo
— Isaac
Algumas memórias não morrem. Elas hibernam sob a pele, esperando a hora certa para despertar.
Hoje, elas despertaram.
A cidade de Seatlan cintilava do lado de fora como se fingisse paz. Luzes penduradas nas árvores, vitrines acesas, gente sorrindo por hábito ou esperança. Mas dentro de mim, o que havia era o som abafado de passos ao lado dos meus. Os passos dela.
Maeve.
Andávamos lado a lado como dois desconhecidos que fingem se conhecer.
Ou dois amantes que fingem se odiar.
Não tocávamos um no outro, mas o silêncio entre nós era quase íntimo. Um silêncio cheio de tudo o que ainda não dissemos — e talvez nunca diremos.
Ela parou diante de uma livraria antiga, seus olhos presos a uma vitrine que exibia clássicos de filosofia e romances góticos.
Sorri. Era tão ela.
— Você ainda lê Poe antes de dormir? — perguntei, com a voz baixa demais.
Ela se virou devagar, surpresa com a