O amanhecer em Veneza chegou pesado, tingindo os canais de um cinza metálico. Matteo não pregara os olhos durante a noite. Deitado no sofá do pequeno escritório no museu, encarou o teto até o sol nascer, tentando controlar o turbilhão de pensamentos que não lhe dava trégua.
Sophie não atendera às suas ligações. Três tentativas, quatro mensagens de voz — todas ignoradas ou silenciadas. Matteo tentava se convencer de que ela simplesmente estava dormindo, ou ocupada. Mas o silêncio era ensurdecedor, carregado de uma ausência que gritava.
Na mente dele, as palavras de Leonardo ecoavam como uma maldição.
"Você não pode me apagar, Matteo. Ela sempre foi minha."
A porta do escritório se abriu sem aviso. O diretor do museu entrou com passos firmes, o rosto contraído. Atrás dele, dois policiais civis.
— Signor Bianchi — a voz era seca, quase acusatória — precisamos conversar.
Matteo se ergueu de imediato, o corpo rígido.
— O que aconteceu agora?
O diretor lançou um olhar duro.
— O inventário d