O relógio da sala marcava quase quatro da manhã quando Sophie, exausta, finalmente adormeceu no sofá. O corpo cedia, mas a mente permanecia em estado de alerta. O sono foi breve e turbulento, entrecortado por sonhos febris que se misturavam à realidade: passos pesados no corredor, a maçaneta girando sozinha, e a voz de Leonardo sussurrando ao pé do ouvido como uma serpente: “Até a morte, docinho… até a morte.”
Um barulho metálico a despertou de sobressalto. O coração disparou de imediato, e por alguns segundos, ela acreditou que ainda sonhava. O som se repetiu: um tilintar seco, como metal batendo contra cerâmica. Veio da cozinha.
Sophie se ergueu lentamente, os músculos tensos, o ar preso nos pulmões. Cada sombra do apartamento parecia mais densa do que o normal, como se escondesse presenças invisíveis. Com passos contidos, avançou pelo corredor, apoiando-se na parede para não perder o equilíbrio.
Quando acendeu a luz da cozinha, sentiu o estômago despencar. A mesa, que deixara vazia