Parte 62...
Camila
A sala do doutor Portela era iluminada e organizada, mas nada disso diminuía o aperto que eu sentia no peito. Ele folheava meu prontuário, enquanto eu apertava as mãos contra o colo, esperando pelo veredito. Ele suspirou e fechou a pasta, me encarando.
— Camila, sua recuperação tem sido boa, considerando tudo pelo que você passou. Seu corpo está respondendo bem aos tratamentos e à fisioterapia.
— Mas? - cruzei os braços, já esperando o golpe. Estou nervosa.
— Mas você precisa entender que sua condição não é estável. O dano que você sofreu não foi apenas superficial. O projétil afetou músculos e nervos essenciais para sua mobilidade. Estresse e esforço físico em excesso podem piorar a situação e acelerar a degeneração - ele me olhou firme. — Você sabe do que estou falando.
A boca secou. Eu sabia. Eu sempre soube. Mas não queria ouvir isso de novo.
— E você deveria contar isso para sua família. Ainda mais agora, que está casada.
— Doutor, eu estou bem. Não sinto dores