Siena Dal
'Caffè Amoretti'
As duas palavras da minha irmã Clara, ditas através da tela do tablet, não apenas sugaram o ar do quarto; elas pareceram envenená-lo. O nome, que para mim sempre foi sinônimo de manhãs preguiçosas, do cheiro de grãos de café torrados da fazenda da nonna, de risadas com meu tio e Lorenzo, agora estava manchado. Contaminado. Olhei para Lorenzo, que estava ao meu lado, e vi a cor sumir de seu rosto. Ele parecia ter sido apunhalado por um fantasma.
– Impossível,– ele sussurrou, a voz rouca de incredulidade. – Meus funcionários... eu os conheço há anos. São como família.
– O inimigo se esconde à vista de todos,– disse Li Wei, sua voz grave cortando o silêncio. Havia uma dureza em seu olhar que espelhava a fúria fria que começava a borbulhar dentro de mim, substituindo o choque inicial. Ele se movia pelo quarto com uma energia contida, como uma pantera percebendo que a jaula era muito menor do que parecia.
– Então, qual é o plano?– perguntei, minha voz um rosn