Ao ouvir seu nome completo sair da boca de Gustavo, Juliana sentiu uma surpresa rápida cruzar seus olhos.Então ele recuperou a memória?Ela soltou uma risada curta, quase debochada:— Eu falei alguma mentira? O professor sugeriu que o Vítor fingisse gostar da Bianca até o vestibular passar. Isso não é ensinar um jovem a mentir? O Vítor já foi claro. Ele não gosta da Bianca. O melhor seria deixar isso bem estabelecido. O senhor está preocupado com o emocional da Bianca... Mas e o do Vítor?Cada palavra dela era um tiro certeiro.Mesmo que o professor nunca tivesse dito aquilo com todas as letras, Juliana não interpretou errado.No fundo, todos sabiam o que ele estava tentando dizer.Vítor, com os olhos brilhando, não perdeu tempo:— Arrasou, Juliana! Eu não gosto da Bianca. Nem agora, nem nunca!A verdade era simples.Bianca nunca foi o tipo dele.E depois de tudo o que ela aprontou com Juliana... Menos ainda.Dessa vez, Bianca chorava de verdade.Os ombros tremiam.Gustavo se aproximo
— Juliana, eu preciso te perguntar uma coisa.Os dois se encaravam.Ela, fria.Ele, contido... Mas à beira de explodir.Juliana tentou se soltar.Mas o pulso ainda estava preso entre os dedos quentes dele.O calor da pele de Gustavo provocava nela uma repulsa instintiva.Uma náusea subia pelo estômago, e seu rosto perdeu a cor.— Solta. — Disse ela, com a voz baixa, mas firme.Gustavo a fitava intensamente.O olhar dele era profundo, sombrio.— E se eu não soltar? Eu só quero... Aaah!Ele não terminou a frase.A dor o cortou no meio.Juliana não teve piedade.Ergueu o joelho com precisão, mirando direto... Entre as pernas dele.Gustavo ainda tentou se esquivar.Mas não escapou completamente.A dor o fez curvar o corpo, trincar os dentes.— Juliana! — Rugiu, furioso.A mulher diante dele era irreconhecível.Nas memórias que ainda tinha, Juliana era doce, cuidadosa, gentil.Nunca violenta.Nunca cruel.O que tinha acontecido com ela?— Foi por pouco, Gustavo. — Disse ela, encarando-o com
Na última vez, no hospital, o tio Bruno havia deixado claro o recado: ele protegeria Juliana a qualquer custo.A pressão que ele impunha era imensa.Bianca sabia disso.E se o irmão perdesse o controle e batesse em Juliana...O tio com certeza não deixaria barato.E aí? Como esconderia as mentiras que contou?O medo falou mais alto.Sem pensar duas vezes, ela correu até Gustavo.— Irmão, para com isso! — Gritou, segurando o braço dele com força.O sangue escorria pelas articulações do punho dele.A voz veio carregada de raiva:— Me solta.Era a primeira vez que Bianca via Gustavo daquele jeito.Tenso.Agressivo.Assustador.Ela trincou os dentes:— Não solto!Juliana assistia à cena como quem via dois palhaços fazendo número.Aquela dupla dramática já não a afetava mais.Massageou o pulso, agora vermelho do aperto de Gustavo, e se virou para ir embora.Mas Gustavo sacudiu o braço com força, jogando Bianca para o lado, e avançou para segurar Juliana novamente.Só que dessa vez... Falhou
“Estou atrás do corpo dele.”Juliana não tirava os olhos do corpo de Bruno.Ao ouvir aquilo, Gustavo perdeu completamente o controle. Sem pensar duas vezes, socou a parede com força. A dor que explodiu em sua mão foi ignorada. Com os dentes cerrados e o rosto tenso de raiva, ele encarou Juliana e gritou:— Você fez sexo com o Bruno?!Antes que Juliana pudesse responder, Vítor surgiu de repente, voltando às pressas com o celular na mão.Sem dar tempo para qualquer explicação, ele acertou um soco direto no rosto de Gustavo.— Enquanto eu estiver aqui, você não encosta um dedo na Juliana.Vítor era alto, forte, sempre envolvido com esportes. O golpe foi tão certeiro que abriu o canto da boca de Gustavo. Com o rosto queimando de dor, Gustavo esqueceu tudo e partiu pra cima.Os dois começaram a brigar ali mesmo, no meio do corredor.Bianca se levantou do chão, atrapalhada. Pensou em separar a briga, mas hesitou. Tinha medo de levar um soco sem querer. Em vez disso, lançou um olhar cheio de
Elder agia com total imparcialidade.— Mano... — Naquele momento, Bianca puxou discretamente a manga da camisa de Gustavo. — A mamãe não pode saber disso. Ela vai surtar.Ela conhecia o temperamento de Joana como ninguém. Se não fosse o medo de a mãe descobrir que ela tinha escrito uma carta de amor para o Vítor, jamais teria chamado Gustavo para buscá-la na escola.E se Gustavo não tivesse ido, nada disso teria acontecido.A tensão ao redor de Gustavo era quase palpável. Ele permaneceu em silêncio, o rosto fechado.Juliana, por outro lado, parecia tranquila.Vítor também não demonstrava preocupação alguma. Estava apenas defendendo a irmã. Mesmo que tivessem que chamar alguém da família para tirá-los dali, ninguém o culparia por isso.— Srta. Juliana. — Elder se virou para ela com um olhar neutro. Conhecia bem os antecedentes da garota, por isso falou com naturalidade. — Você pode pedir para o Sr. Bruno vir buscá-la.Sr. Bruno. Bruno.Era só ouvir esse nome que Gustavo perdia o control
Gustavo chamou Bruno diretamente pelo nome.Nem se deu ao trabalho de chamá-lo de "tio".Elder, ao perceber a gravidade da situação, rapidamente dispensou os demais da sala. Quis deixar o ambiente livre apenas para os dois.Assim que a porta foi trancada, o ar dentro da sala pareceu congelar.A tensão era tão densa que se podia cortá-la com uma faca. Um clima de confronto iminente pairava, sufocante.Gustavo bloqueou a saída com o próprio corpo, impedindo a passagem. Ficou cara a cara com Bruno.Naquele momento, nenhum dos dois cedia em presença.Os olhos de Gustavo brilhavam com uma fúria crua, como se fossem cuspir fogo a qualquer segundo.Bruno, em contraste, era o completo oposto. Frio como um lago escuro e profundo, pronto para engolir qualquer um que ousasse provocá-lo.Bianca estava à beira das lágrimas.O medo que sentia era real, e com razão. Se Gustavo perdesse o controle, poderia mesmo partir para cima de Bruno. Isso sim seria um escândalo. Bem pior do que aquela história id
Nos olhos de Juliana não havia nada além de frieza. E um certo desprezo.— Ju... Tá doendo... — Murmurou Gustavo, encarando-a.As emoções em seu olhar mudavam a cada segundo. O tom vulnerável em sua voz contrastava violentamente com a imagem agressiva que havia mostrado minutos antes.Ele tentava, desesperadamente, arrancar um pingo de compaixão dela.“Se a Ju ainda estiver do meu lado... Se ela ainda se importar... Eu posso esquecer tudo isso.”Mas a realidade foi mais cruel do que qualquer suposição.Ela sequer piscou.Nada mudou na expressão dela.Como se aquela dor que queimava dentro dele não tivesse qualquer importância.Naquele instante, uma dor sufocante tomou conta do peito de Gustavo. Como se uma fera selvagem o rasgasse por dentro.Seu braço caiu, sem forças.Cambaleou dois passos para trás, como se tivesse perdido a alma.Toda a arrogância anterior desapareceu.Ele deveria estar com raiva. Deveria descontar tudo, até mesmo nela.Mas não conseguia.Ele a amava demais.Por qu
Juliana, sem saber que o bocudo do Vítor já tinha contado tudo no grupo da família, acabava de encontrar a caixa de primeiros socorros.Sentou-se ao lado de Bruno.A luz morna da sala de estar, num tom alaranjado suave, suavizava o frio habitual em seu olhar.Bruno havia tirado o paletó. Usava apenas uma camisa social leve.— Pode doer um pouco. Tenta aguentar.Gustavo não tinha segurado os golpes. O hematoma no rosto de Bruno parecia ainda mais grave por conta da pele clara.A distância entre os dois se encurtou repentinamente.Tanto que Bruno conseguia sentir o leve perfume de sabonete que vinha da Juliana.Ela estava completamente concentrada, os olhos fixos no canto da boca dele, enquanto limpava com um cotonete embebido em iodo o sangue seco.Bruno prendeu a respiração por um instante. O pomo de adão subiu e desceu duas vezes, como se engolisse em seco. Seu olhar escureceu, denso.Instantes depois, Juliana recuou, recompondo a postura.Enquanto guardava os materiais na caixa, falo