“Com um talento desses... Por que não tentar a carreira de atriz?Vai ver o próximo a ganhar milhões por ano é você.Se desgastar assim, jogando esse tipo de joguinho mental... Não cansa, não?”O olhar de Juliana, meio sorriso, meio sarcasmo, fez Tatiane gelar por dentro.Felizmente, naquele instante, o letreiro da sala de emergência se apagou. A porta se abriu, e um médico de jaleco branco apareceu.Vinícius foi o primeiro a se aproximar.— Doutor, minha irmã está bem?— Ainda bem que trouxeram ela a tempo. Como familiares, vocês precisam estar sempre atentos às alergias da paciente. O corpo dela já é frágil, não aguenta esse tipo de estresse...O diagnóstico era claro.Sabrina realmente tinha alergia a camarão.Logo, foi transferida para um quarto privativo, onde ficaria sob observação e repouso.Depois de uma noite intensa, todos da família Moreira estavam esgotados, física e emocionalmente.Foi nesse momento que Juliana aproveitou para se despedir.Mariana sugeriu que Vinícius a le
Como ela não ia ficar nervosa?Tinha acabado de falar mal da Juliana na frente do Gustavo.E agora... Dava de cara com a própria, ali, bem no hospital.Bianca tentou manter a pose, fingir que não tinha visto ninguém. Apertou o passo para sair logo dali. Mas justo nesse momento, Juliana levantou os olhos.Os olhares das duas se cruzaram no ar.Por um instante, parecia que o mundo inteiro tinha parado.Bianca apertou com força as alças da mochila e, tomada por uma vergonha furiosa, ficou com as bochechas completamente coradas. Estava parecendo uma maçã madura.E ainda teve a audácia de devolver o olhar com raiva.Juliana achou tudo aquilo... Ridículo.Entre Bianca e Helena, definitivamente a segunda era bem mais agradável aos olhos e ao espírito.Sem interesse em prolongar o contato, Juliana desviou o olhar.Não pretendia puxar conversa.Mas Bianca não estava disposta a aceitar esse desprezo.Na cabeça dela, ela podia escolher ignorar Juliana. Mas Juliana não tinha esse direito.E lá foi
Conhecendo o irmão como conhecia... Ela sabia exatamente o que vinha pela frente.Gustavo, ao saber da traição, com certeza ia atrás do tal cara.O problema?O cara era ninguém menos que o tio Bruno.Sobrinho batendo em tio por causa de mulher? Se isso vazasse, iam rir da família por gerações.Os olhos de Bianca estavam vermelhos. Sua mente era um verdadeiro caos, uma mistura de vergonha, raiva, desespero e arrependimento.Nada fazia mais sentido.Bruno passou por ela de mãos dadas com Juliana, sem sequer lhe lançar um segundo olhar.Apenas deixou uma frase fria no ar:— Fica aqui. Vou mandar alguém vir te buscar.Se não fosse filha de Joana, Bruno não moveria um dedo por ela.E Bianca sabia disso.Só pôde assistir, impotente, os dois se afastando.Como se o universo conspirasse contra ela, o celular vibrou com uma notificação de Gustavo.[Bianca, você disse que a Ju tinha te traído. O tal outro era o nosso tio Bruno?]Se ele já estava perguntando isso... Era porque tinha escutado algu
No espaço estreito do elevador, a temperatura parecia subir gradualmente.Os olhos de Juliana, grandes e límpidos como dois lagos claros, miravam Bruno com uma intensidade que quase o desarmava.Lábios entreabertos, expressão tranquila...Ela parecia uma daquelas criaturas mitológicas. Lindas. Perigosas. Impossíveis de resistir.E Bruno, que já era completamente apaixonado por ela, mal conseguia se controlar.Seus cílios longos baixaram devagar, projetando uma sombra sutil sob os olhos.A mão ao lado do corpo se fechou discretamente.Seus olhos escuros, profundos como a noite lá fora, escondiam emoções demais.Com a voz rouca, perguntou:— Que pergunta?Juliana o encarou, séria.— Por que você tem tanta certeza de que eu sou filha da família Moreira?Mais certeza até do que ela mesma.O último exame de DNA indicava que não havia laços de sangue entre ela e a família Moreira.Mesmo assim, Bruno parecia... Irredutível.E ele não hesitou nem por um segundo:— Porque eu confio no que eu si
Paulo ficou chocado com o próprio pensamento.Chegou a se assustar.Não... Nem pensar. Melhor não imaginar isso.E então, veio a mensagem.[Se ela não quiser, eu caso.]Seis palavras.Simples.Diretas.O suficiente pra quase fazer Paulo derrubar o celular.Bruno... Disse que ele se casaria?Ele estava vendo certo? Ou tinha lido errado?Paulo esfregou os olhos, voltou à tela... E a frase ainda estava lá.Rapidamente, respondeu:[Bruno, você tá falando sério??]Mas era tarde demais.Bruno já estava offline.Sem resposta.No dia seguinte.Juliana recebeu mais alguns candidatos para a vaga de assistente.Dessa vez, quem chamou sua atenção foi uma garota de vinte e poucos anos, rosto redondo e expressão tranquila.Usava óculos de armação quadrada, o cabelo preto preso num rabo de cavalo limpo e prático.Não falava muito.Mas era eficiente. Sabia o que fazer só de observar.Exatamente o tipo que Juliana procurava.Contratou na hora.Depois de algumas horas de adaptação, Ana, esse era o nome
A silhueta alta de Gustavo surgiu na porta da sala.Diferente do habitual, ele não usava terno de alfaiataria nem nada formal.Estava de moletom preto com capuz, calça na altura da canela.Ainda assim, parado ali, parecia um modelo em editorial de revista.O rosto sério, o olhar sempre frio... Mas no instante em que os olhos dele encontraram os de Juliana, tudo parou por um segundo.A mão ao lado do corpo se fechou instintivamente.Ele claramente não esperava vê-la ali.Abriu a boca, como se fosse dizer algo... Mas então se lembrou da mensagem que ela não respondeu.E daquilo que Bianca tinha dito.Num instante, fechou os lábios com força.Silêncio total.— Já que os dois responsáveis chegaram, vamos tratar do problema de hoje. — Disse o professor, ajeitando os óculos no nariz. — Eu entendo que nessa fase da vida os jovens tenham suas idealizações sobre o sexo oposto. Mas estamos a menos de dois meses do vestibular. É o momento mais crucial do ensino médio. Não é hora de distrações.El
Ao ouvir seu nome completo sair da boca de Gustavo, Juliana sentiu uma surpresa rápida cruzar seus olhos.Então ele recuperou a memória?Ela soltou uma risada curta, quase debochada:— Eu falei alguma mentira? O professor sugeriu que o Vítor fingisse gostar da Bianca até o vestibular passar. Isso não é ensinar um jovem a mentir? O Vítor já foi claro. Ele não gosta da Bianca. O melhor seria deixar isso bem estabelecido. O senhor está preocupado com o emocional da Bianca... Mas e o do Vítor?Cada palavra dela era um tiro certeiro.Mesmo que o professor nunca tivesse dito aquilo com todas as letras, Juliana não interpretou errado.No fundo, todos sabiam o que ele estava tentando dizer.Vítor, com os olhos brilhando, não perdeu tempo:— Arrasou, Juliana! Eu não gosto da Bianca. Nem agora, nem nunca!A verdade era simples.Bianca nunca foi o tipo dele.E depois de tudo o que ela aprontou com Juliana... Menos ainda.Dessa vez, Bianca chorava de verdade.Os ombros tremiam.Gustavo se aproximo
— Juliana, eu preciso te perguntar uma coisa.Os dois se encaravam.Ela, fria.Ele, contido... Mas à beira de explodir.Juliana tentou se soltar.Mas o pulso ainda estava preso entre os dedos quentes dele.O calor da pele de Gustavo provocava nela uma repulsa instintiva.Uma náusea subia pelo estômago, e seu rosto perdeu a cor.— Solta. — Disse ela, com a voz baixa, mas firme.Gustavo a fitava intensamente.O olhar dele era profundo, sombrio.— E se eu não soltar? Eu só quero... Aaah!Ele não terminou a frase.A dor o cortou no meio.Juliana não teve piedade.Ergueu o joelho com precisão, mirando direto... Entre as pernas dele.Gustavo ainda tentou se esquivar.Mas não escapou completamente.A dor o fez curvar o corpo, trincar os dentes.— Juliana! — Rugiu, furioso.A mulher diante dele era irreconhecível.Nas memórias que ainda tinha, Juliana era doce, cuidadosa, gentil.Nunca violenta.Nunca cruel.O que tinha acontecido com ela?— Foi por pouco, Gustavo. — Disse ela, encarando-o com