O domingo passou como um borrão, mas eu percebi cada segundo que Ayla passou me evitando.
Desde a noite anterior, ela parecia determinada a fingir que eu não existia. Nenhum olhar, nenhuma provocação, nenhuma chance de me aproximar. Ela sempre encontrava uma maneira de sair de perto antes que eu conseguisse dizer qualquer coisa.
E isso me incomodava mais do que eu estava disposto a admitir.
Amanhã seria o último dia do acampamento. A última oportunidade antes de voltarmos à rotina, ao escritório, à distância segura que ela parecia ansiosa em querer colocar entre nós.
E eu me recusava a ir embora sem resolver isso.
Mas entre Letícia grudada em mim e Ayla fugindo na direção oposta, parecia impossível sequer trocar uma palavra com ela.
Suspirei, passando a mão pelos cabelos depois de mais um jogo de futebol entre os funcionários. Ricardo me lançou um olhar de soslaio enquanto bebia um gole de água.
— Você está tenso.
— Estou bem — menti.
Ele riu, claramente não acreditando em mim.
— Sei.