Capítulo 8: Chegando a um acordo

“Eva”

Eu olhei para o homem sentado diante de mim e pensei em simplesmente lhe dar as costas e ir embora para não voltar nunca mais, só que eu não era assim e eu precisava do emprego e esse emprego era muito bom, bom demais para ser bem sincera.

Eu endireitei a minha postura, deixando minhas costas bem retas, eu não era uma derrotada e ele não me veria como uma, depois eu olhei dentro dos olhos dele, isso talvez eu não deveria ter feito, porque eu quase fiquei presa naquele olhar intenso e quase fiquei sem palavras.

- Sr. Rossi, podemos fazer de conta que não nos conhecemos. Não vou negar, eu preciso desse emprego e eu posso fazer o trabalho, mas eu não aceito ser tratada da forma como o senhor me tratou hoje. – Eu o encarei e esperei a sua resposta.

Ele se levantou calmamente e abotoou o paletó, me encarando com aqueles olhos escuros profundos.

- Srta. Sanchez, eu não trato os meus funcionários com menos que cordialidade e respeito. Então, deixando o que passou no passado, como se nunca tivesse acontecido, creio que poderemos trabalhar bem juntos. – Ele me respondeu com aquela voz baixa e profunda que era sedutora.

- Está bem, Sr. Rossi, vamos ver no que isso vai dar. Eu me apresento para o trabalho amanhã, porque como o senhor pode ver, eu fui atropelada por uma desequilibrada que ainda queria me cobrar o para-choque, que segundo ela foi arranhado. Uma doida varrida! – Eu respondi e ele ergueu as sobrancelhas e desviou o olhar, parecendo um pouco constrangido.

- Meu deus, isso pode dar muito errado! – Ele murmurou e pareceu pensar por um momento.

- O quê, quer que eu trabalhe desse jeito? Ou já está mudando de idéia? – Eu perguntei sem acreditar naquele homem.

- Não, Srta. Sanchez, de forma alguma. O melhor mesmo é que você vá para casa e nós dois nos preparemos para começar a trabalhar juntos à partir de amanhã. – Ele me respondeu muito sério, mas ainda parecendo desconcertado.

- Obrigada, Sr. Rossi. Até amanhã, então. – Eu me virei para ir embora.

- Srta. Sanchez. – Ele me chamou mais uma vez e tirou o celular do bolso, falando comigo enquanto verificava a tela e ignorava a chamada. – Amanhã, vá direto levar os seus documentos no departamento de recursos humanos e depois vá para a minha sala para começarmos a trabalhar. – Ele deu as instruções e eu me virei para sair dali.

Eu encontrei o Julio na frente do prédio e aproveitei para agradecê-lo mais uma vez. Novamente ele foi gentil e abriu um grande sorriso para mim.

- Posso ajudá-la em algo mais, Eva? – O Julio perguntou amavelmente.

- Não, obrigada, você foi muito gentil! Eu só preciso sair daqui, preciso de um taxi. – Eu comentei ainda analisando o meu estrago. Eu deveria ter enfiado aquele salto quebrado no parabrisa daquela criatura que me atropelou, para ela levar de lembrança, mulherzinha insuportável, arrogante!

- Olha, vem um aí! – Ele correu até a guia da calçada e fez o sinal, o taxi parou, ele abriu a porta e eu entrei depois de agradecê-lo mais uma vez.

Quando o taxi se afastou daquele lugar eu respirei aliviada, mas comecei a pensar na confusão em que tinha me metido com aquele homem, que o que tinha de lindo tinha de estúpido. Ai, mas o trabalho, era bom demais e eu não poderia perdê-lo! O jeito seria encarar como se nunca tivesse visto aquele deus mal educado sem roupa.

Durante todo o percurso até a minha casa, eu fiquei pensando na minha situação com o Sr. Rossi, mas eu esqueci de pensar no que eu diria para a minha mãe. E, assim que eu entrei em casa, ela parou diante de mim de boca aberta.

- Eva, minha filha, o que aconteceu com você? – Minha mãe me olhava como se eu tivesse voltado da guerra.

- Ai, mãe, não seja exagerada, eu caí na rua, meu salto quebrou. – Eu achei melhor não dizer que tinha sido atropelada ou ela faria daquilo algo maior do que era.

- Minha filha, eu vivo dizendo para você usar saltos menores, mas é uma teimosa, não me escuta. – Minha mãe se aproximou olhando para o meu joelho ralado. – Vai tomar um banho que eu vou passar uma pomada aí.

- Mãe, eu não sou criança! – Eu respondi e fui em direção ao meu quarto.

- Não, não é criança e ia começar num emprego novo hoje. O que aconteceu? – Minha mãe veio atrás de mim e eu tinha três segundos para pensar em algo.

- Ah... o emprego... ah, mãe, meu chefe é tão bonzinho que me disse para vir pra casa e começar no trabalho amanhã. – Eu falei tentando ser o mais convincente possível e dei um sorriso para ela.

- É, ele deve ser bonzinho mesmo. – Minha mãe me olhou e estreitou os olhos, eu dei o meu melhor sorriso para ela.

Minha mãe deu as costas e se deu por satisfeita, enquanto eu respirei aliviada. Mas, embora eu ainda tivesse um emprego, eu também tinha agora um joelho ralado e o meu orgulho ferido, pois eu ainda não tinha entendido porque o Sr. Rossi reagiu daquele jeito comigo no escritório dele, ele parecia estar morrendo de medo que descobrissem que nós passamos a noite juntos.

Quando eu entrei naquela sala e me virei, eu pensei que estava tendo uma alucinação, não podia ser, era muita falta de sorte a minha que o Sr. Rossi, meu novo chefe, fosse o mesmo homem da boate, aquele homem lindo, daquela noite que eu não conseguia esquecer! Por um momento eu pensei que estivesse num pesadelo, com tantos homens na cidade e eu fui pra cama com um estranho, e dias depois ele se torna o meu chefe! E ele pareceu muito mais desconfortável do que eu.

- Ah, meu deus, e se ele for casado? – Eu murmurei e me sentei na minha cama. – Não, mas ele não usava aliança, então não devia ser casado e nem noivo. Então qual era o problema dele?

Eu precisava ligar para a minha amiga Gabriele, eu precisava me acalmar e eu precisava muito daquele emprego!

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