A testa de Mariana bateu forte no chão gelado.
Ouviu Luísa dizer, tentando aliviar a situação:
— Deixa pra lá, vai... Por que tá fazendo isso com ela? Solta ela, por favor.
Ela foi forçada a se humilhar, mas o papel de boa pessoa ainda ficou todo com Luísa.
Bruno, ouvindo Luísa, finalmente soltou Mariana com o rosto fechado, e saiu abraçado com ela para procurar um médico.
A queimadura da mão de Luísa era séria. Mesmo assim, enquanto o médico cuidava do ferimento, ela segurava as lágrimas com força, deixando as gotas penderem nos cílios, quase caindo, o que só fazia a cena ficar ainda mais dolorida.
Quando Mariana se aproximou do consultório, ouviu Bruno falar, frio:
— Pode ficar tranquila, vou fazer ela pagar pelo que fez.
— Ela é sua esposa, não precisa estragar o casamento de vocês por minha causa. — Respondeu Luísa, enxugando as lágrimas de modo discreto.
Quanto mais Luísa se mostrava compreensiva, mais Bruno sentia pena dela. Na cabeça dele, estava claro, Mariana só podia ter agido por ciúmes, machucando Luísa de propósito.
Ele se levantou, pronto para ir atrás de Mariana, mas se surpreendeu ao vê-la parada na porta, sem dizer uma palavra.
Mariana tirou o celular do bolso e entregou para Bruno, mostrando uma nota onde havia escrito tudo o que realmente tinha acontecido, esperando que ele, ao menos dessa vez, quisesse ouvir sua versão.
Mas Bruno, ainda tomado pela raiva, nem olhou.
Com um movimento brusco, jogou o celular longe.
O aparelho voou pelo corredor e se espatifou no chão, quebrando em vários pedaços.
Mariana ficou paralisada de susto. Tentou pegar o celular caído, mas Bruno a agarrou pelo colarinho e a prensou com força contra a parede.
Ela, tão pequena diante dele, parecia um passarinho indefeso, sem a menor chance de reagir.
As lágrimas escorriam pelo rosto enquanto Mariana, apavorada, soltava sons abafados, pedindo piedade.
Mas Bruno não mostrava nenhum sinal de compaixão. Se aproximou dela, o rosto colado ao dela, e sussurrou com uma voz sombria e ameaçadora:
— Que tal sentir na pele o que é levar água quente?
Na mesma hora, Mariana sentiu um frio gelado percorrer as costas.
Desesperada, balançou a cabeça e tentou se explicar com gestos, implorando para ele parar.
Bruno apenas riu, frio, pegou Mariana pelo braço e a arrastou para o banheiro.
Abriu o chuveiro, deixou a água quente cair direto sobre ela.
A água não era quente o suficiente para causar ferimentos graves, mas queimava a ponto de fazer a pele arder muito. Mariana, tomada pela dor, tentou escapar dentro do espaço apertado, mas só conseguiu se debater, completamente humilhada.
Bruno olhou para aquela cena lamentável e soltou um som de desprezo.
Desligou o chuveiro e ficou observando Mariana encolhida no canto, tremendo de medo.
— Vem aqui. — Ordenou, seco.
O corpo de Mariana tremeu todo. Ela ficou parada, sem coragem de se mover.
Bruno franziu a testa, irritado, e falou frio:
— Acho que fui bom demais pra você, por isso ficou tão sem limites. Pelo visto, só cortando o dinheiro do tratamento da sua irmã pra você aprender a ficar no seu lugar.
Ao ouvir a menção à irmã, Mariana levantou a cabeça na mesma hora.
Os olhos vermelhos se encheram de lágrimas, o desespero e o medo transbordando no olhar. Ela se arrastou pelo chão, usando as mãos e os joelhos, e agarrou a barra da calça de Bruno, implorando sem parar.
Ele ficou impassível, apenas um sorriso cruel aparecendo no canto da boca.
Diante da indiferença, Mariana ficou ainda mais apavorada.
Abaixou a cabeça e começou a bater com força no chão, repetidas vezes.
Cada vez que se curvava, batia com tanta força que logo manchou o piso de sangue.
Bruno finalmente se moveu, segurou o rosto de Mariana com uma mão e obrigou a levantar a cabeça.
— Vou avisar só mais uma vez. Não ouse mexer com a Luísa. Gente como você não serve nem pra amarrar o sapato dela.
Mariana concordou, tremendo, com o rosto todo sujo de lágrimas e sangue.
Não teve coragem de soltar um som sequer, morrendo de medo que ele realmente fizesse algo contra a irmã.
Bruno virou as costas e foi embora.
Mariana continuou ajoelhada, o corpo todo curvado, encolhida no chão. Nem chorar ela conseguia mais, toda a dor teve que engolir sozinha.
Só havia um pensamento em sua mente.
Ela precisava ir embora, precisava sair dali. Não queria ficar nem mais um dia naquele lugar.