Do outro lado, Mariana decidiu voltar para a velha cidade litorânea onde nasceu.
Sempre foi boa aluna, mas perdeu os pais ainda no ensino médio e teve que largar a escola para criar a irmã mais nova.
Sem diploma, sem profissão e ainda sendo muda, Mariana sabia que nunca teria um emprego de verdade. Só conseguia o suficiente para não passar fome, e, com muito sacrifício, conseguiu criar a irmã.
Quando a irmã ficou doente, foi como se o mundo tivesse desabado sobre ela.
Foi nessa época que o tio de Bruno apareceu e a apresentou ao Bruno.
Mariana admite, no começo, sentiu algo por ele. Um homem tão bonito, ainda por cima disposto a pagar o tratamento da irmã… Ingênua como era, Mariana logo se apaixonou sozinha.
Mas não demorou pra perceber que não havia futuro ali.
Depois de tantos anos sem voltar pra cidade natal, tudo estava diferente. Ainda assim, o povo dali era simples, e logo alguém arranjou pra ela um trabalho num restaurante.
Os donos não eram gente fácil, só por ela ser muda, já deram logo as tarefas mais pesadas e sujas.
O rapaz da cozinha, Diego Valente, sabia libras e tinha um certo interesse por Mariana. Sempre defendia ela quando via alguma injustiça.
Dessa vez, Mariana não achou ruim, pelo contrário, sentia até uma leve sensação de liberdade.
O movimento no restaurante era ótimo, principalmente porque ficava perto de um canteiro de obras, clientela não faltava, e com o preço em conta, os trabalhadores estavam sempre por lá.
Diego Valente, atolado de serviço na cozinha, pediu à dona do restaurante para arranjar mais alguém para ajudar.
A dona, preocupada em gastar mais com outro funcionário, logo bateu o olho em Mariana, que estava servindo as mesas.
— Mariana, ouvi dizer que você manda bem na cozinha. Vai lá dar uma força pro Diego, deixa que aqui eu me viro.
Mariana piscou os olhos e concordou.
Ela realmente tinha talento pra cozinha. Quando trabalhava como garçonete, sempre ficava de olho nos truques dos chefs, aprendendo na prática. Por isso, seus pratos sempre faziam sucesso.
Na época em que vivia com a irmã, cozinhava com todo carinho para ela. Já no casamento, nada do que preparava agradava Bruno, tudo que fazia ia parar direto no lixo.
Agora, com a chance de mostrar o que sabia, Mariana agarrou com vontade.
E não deu outra, os pratos que ela preparava fizeram o maior sucesso entre os clientes.
Muita gente começou a perguntar se tinham trocado de cozinheiro. Mariana, recebendo tanto elogio, ficou até corada.
Diego se animou tanto que pegou um pouco do refogado e, depois da primeira garfada, abriu um sorriso de surpresa.
— Mariana, com esse talento você podia abrir seu próprio negócio!
Mariana ficou um pouco sem jeito. Sempre foi conservadora, achando que seu destino era ser funcionária para o resto da vida. Nunca tinha pensado em ser dona do próprio negócio.
Mas a fala de Diego plantou uma semente, será que ela também podia?
Depois de pensar muito, decidiu começar pequeno, abrindo uma barraca de comida.
Durante o dia, continuava no restaurante. À noite, montava seu carrinho em frente à universidade mais próxima.
Achou que ia ser difícil no começo, mas logo o negócio decolou, a fila ficava cada vez maior.
Com a beleza natural e o talento para cozinhar, Mariana rapidamente conquistou os estudantes da região.
Ver que a comida feita por ela era tão apreciada deixava Mariana genuinamente feliz.