Mundo de ficçãoIniciar sessãoIsabela
Embora eu estivesse muito cansada das aulas que dei hoje, lidando com aquelas crianças ricas que não fazem ideia do que uma criança do morro passa nas escolas públicas. Eu sempre digo que me sinto orgulhosa por que um dia estudei em escolas públicas, dediquei à faculdade. Em relação às escolas frequentadas por crianças nobres, eu sinto muito por não ter condições de estudar em uma, mas acredito na importância da educação para todos. Eles são uns amores, amo meus alunos e amo aquele lugar que tive por indicação de uma amiga, ela me apresentou a escola particular, graças a isso trabalho e tenho uma grana para o sustento da minha família. No entanto, o dinheiro não é o suficiente para as dívidas e às vezes sinto uma pontada de tristeza por não ter os recursos financeiros para receber uma educação mais privilegiada. Ter frequentado escolas públicas me ensinou a valorizar cada oportunidade que me foi dada e a lutar ainda mais pelos meus sonhos, sabia que peso das dívidas da família e as responsabilidades do dia a dia me fizeram buscar outras formas de sustento, como trabalhar como stripper à noite. Apesar das escolhas que precisei fazer para garantir o sustento da minha família, nunca deixei de valorizar a importância da educação. Acredito e confio que todos deveriam ter acesso igualitário a oportunidades educacionais, independentemente de sua origem ou condição social. Dessa forma, viso equilibrar meu trabalho noturno com minha paixão pelo ensino durante o dia, na esperança de que um dia as barreiras financeiras não limitem o acesso à educação de qualidade para aqueles que mais precisam. Estou presa a esse morro, odiando toda essa manipulação e violência cometida pelo líder, traficantes que, na tentativa de fazer meu pai pagar as dívidas. Atiraram e eu tomei a frente, mas a minha mãe me empurrou e ligou-me da morte, mas acabou perdendo os movimentos do corpo. Por conta da bala nas costas. Por isso, sinto-me tão culpada às vezes. E meu pai, ele está mudando, mas tenho que estar sempre de olho nele e nos vícios de jogos. Sem falar no Heleno, que agora vive roubando as bolsas das pessoas. Enquanto o relógio se aproximava das dezessete horas, eu estava a caminho do morro no táxi. Sentia uma mistura de emoções dentro de mim, uma combinação de fúria e decepção. Meu irmão mais novo. Heleno, ele tem cabelos castanhos herdados de nosso pai e olhos castanhos brilhantes como os de nossa mãe. Alice e Camila são as que mais se parecem com nossa mãe na cor do cabelo, e os olhos, Alice é loira e tem os olhos castanhos assim como os meus. Camila tem olhos castanhos mais intensos e cabelos loiros. Heleno vem demonstrando uma falta de responsabilidade que me causava preocupação e angústia. A cada dia que passava, eu percebia como as escolhas dele afetam não apenas a si, mas também nossa família. Era hora de ter uma conversa séria e franca com ele, de reforçar os valores e a importância de cada um cumprir com seus compromissos. Enquanto o táxi se aproximava do nosso destino. Mentalmente me preparava para a conversa que estava por vir. Sabia que seria difícil, mas também sabia que era necessário. Eu não podia permitir que a falta de responsabilidade de Heleno colocasse em risco o nosso bem-estar e o futuro que tanto batalhamos para construir. Respirei fundo e prometi a mim mesma que encontraria as palavras certas para transmitir meu amor, preocupação em fazer com que ele compreendesse a importância de assumir responsabilidade por suas ações. Estávamos prestes a ter uma conversa que poderia mudar o rumo de nossas vidas, e eu estava determinada a fazer o melhor que podia como irmã mais velha. No táxi, eu converso um pouco sobre a vida com o senhor Armandinho. Ao chegarmos ao Morro do Corcovado, dei um suspiro de alívio. Desci do táxi, expressando minha gratidão ao motorista, o senhor Armandinho, e acenando-lhe com um sorriso cansado. Sempre contava com ele para minhas viagens até o morro, sabendo que ele não tinha permissão para subir completamente devido às inúmeras vezes em que a polícia tentou invadir a comunidade. — Obrigada, senhor Armando. Até amanhã! — Agradeci enquanto fechava a porta do táxi. — Se cuida, professora Isabela, qualquer dia vou marcar para você ir a minha casa e conhecer os meus familiares. — Até amanhã! — Ele respondeu. Armandinho sorriu ao olhar atentamente ao redor ao perceber a presença de homens suspeitos na área. — Pode deixar, é só marcar! Obrigada novamente e tenha um bom trabalho e descanso, transmita meus cumprimentos aos seus filhos e sua esposa! — Tem sido um amigo, e graças a você posso ter uma viagem tranquila de volta para o morro. — digo com o meu melhor sorriso. — Professora, se precisar, sabe que pode contar comigo! — Aquele assunto que conversamos, ainda penso o mesmo e a minha proposta é a mesma! Se quiser fugir, eu posso ajudá-la, basta você tirar toda sua família. Nada e nem ninguém terá acesso ao seu paradeiro, o que me diz? — Aceita… Dei um sorriso e agradeci, não era necessário, ele compreendeu e entrou no táxi, quando suspirei entrando no morro e caminhada longa me fez pagar os pecados, mas cheguei em casa, estava bem cansada, eu precisava falar com Heleno… Quando fui ver. Heleno estava mexendo nos pertences de alguém, vasculhando uma bolsa com pressa. A bolsa continha pastas e, para minha surpresa, uma soma considerável de dinheiro em notas de cem reais. Eu nunca havia segurado uma quantia tão significativa de dinheiro em minhas mãos, exceto pelos documentos e por um celular pertencente a alguém de posse. A mistura de choque e descrença tomou conta de mim ao testemunhar aquela cena, e minha indignação se misturou a uma profunda sensação de decepção. Era evidente que Heleno havia roubado aquela bolsa, em vez de estar na escola como deveria. Movida por uma mistura de emoções, eu me aproximei dele, segurando a bolsa com firmeza, enquanto meus olhos refletiam a complexidade de minha raiva e tristeza. Sem qualquer hesitação, decidi aprofundar minha investigação sobre a bolsa que Heleno havia subtraído. Entre os pertences, encontrei um cartão de visitas acompanhado de um endereço. Meu olhar se voltou para Heleno, expressando uma mistura de determinação, amor e desapontamento. Eu sabia que a tarefa à frente não seria simples, mas estava pronta para fazer tudo o que fosse necessário para ajudá-la a trilhar novamente o caminho correto. Equipada com o endereço obtido, tracei meu plano: devolver a bolsa ao proprietário e, ao mesmo tempo, encarar as consequências dos atos de Heleno. No entanto, antes de qualquer ação, uma conversa franca com meu irmão era imprescindível. Com a determinação pulsando em minhas veias, chamei a atenção de Heleno, puxando-o pela orelha com autoridade. A perplexidade tomou conta dele ao perceber que havia sido pego em flagrante, e ele abaixou a cabeça, incapaz de encarar sua irmã. — O que você está fazendo com essas coisas… Heleno? Isso é inaceitável! Precisamos conversar sobre isso agora mesmo! — Eu segurava a bolsa com firmeza enquanto o puxava pela orelha. Não poupou palavras para expressar a seriedade do que havia ocorrido: — O que você fez é completamente inaceitável… pertencia, e isso é um ato gravíssimo. — Posso explicar… — Explicar, Heleno? Isso é roubo! Você está tirando o que pertence às pessoas, está arruinando a vida delas. E o pior é que também está prejudicando nossa família! As lágrimas começaram a se formar em meus olhos, misturando-se ao redemoinho de raiva e decepção que se agitava dentro de mim. — Entendo que você possa estar passando por dificuldades, mas não pode resolver isso agindo de maneira desonesta! Roubar não é só errado, é uma traição à confiança e aos valores que nossos pais nos ensinaram. Dirigi um olhar repleto de tristeza e desapontamento com meu irmão, cuja atitude me feriram profundamente. Minhas mãos tremiam de frustração enquanto eu lutava para manter sob controle a explosão de emoções que fervilhava em meu interior. Eu o amava intensamente, mas a dor de vê-lo cair em tentação a consumia. — Heleno, você precisa entender que a honestidade é fundamental em nossa família. — Podemos ser humildes, mas não somos ladrões! Nosso pai precisa ficar sabendo disso. Roubar não é apenas errado, é uma afronta à confiança que nossa família construiu e aos valores que nossos pais nos transmitiram. A decepção era evidente em minha voz enquanto eu expressava a tristeza que sentia. — Eu esperava mais de você! Essa bolsa será devolvida ao seu dono, e você enfrentará as consequências de suas ações. — Droga! Não conte ao papai… — Acredito em você. Heleno, mas acreditar não significa ignorar a realidade. Você precisa tomar medidas concretas para se libertar desse vício. Outra coisa mais importante, não falte às aulas! Quando saímos de casa e entregamos a bolsa, chegamos no prédio da empresa para devolver a bolsa de Lucas, eu o conheci, o belo tenente que me deixou completamente encantada, no entanto, fui acusada de roubo e Heleno fugiu! Nessa mesma noite, ele me arrastou ao elevador dizendo que iria me levar a delegacia, quando no carro o irmão dele ligou e disse que a mãe dele, que está doente, queria conhecer a namorada. — Lucas, você prometeu durante o jantar. Traga-a agora mesmo. Quero ter a oportunidade de conhecê-la e agradecê-la pessoalmente. Quero conhecer minha nora, traga-a agora mesmo… Fiquei tocada pela situação de Lucas e pela dificuldade que ele estava enfrentando com a saúde de sua mãe. Também tenho uma mãe doente e sabia como era importante ter apoio e amor nesses momentos difíceis. Após ele finalizar a ligação dizendo que iria até a casa da namorada que não existia. Quando ele olhou para mim, um pouco desconcertado, não conseguia formar frases. E olhar para o volante. — Droga, o que vou fazer?—ele disse socando o volante.






