Eu não fugi. Eu fui embora, é diferente.
Ester
Murat me encara com um olhar indecifrável, tão intenso que meu coração começa a acelerar no peito. Tento controlar minha respiração enquanto faço a pergunta que não consigo evitar:
— Por que resolveu isso agora?
Ele mantém o silêncio por um instante, como se estivesse escolhendo as palavras, mas então bufa, claramente incomodado. Esse jeito dele de evitar explicações me deixa sempre intrigada.
— Por que precisa de uma resposta pra tudo?
Estreito os olhos, estudando-o. Não quero espantá-lo com minha curiosidade, afinal, gostei muito da ideia dele ficar. Talvez até mais do que deveria admitir.
— Eu só gostaria de entender sua resolução.
Seus olhos negros se fixam nos meus, carregados de uma determinação que quase me faz recuar.
— Você disse que tem andado muito sozinha. A viagem pode esperar.
Minha mente busca lógica, mas tudo em Murat desafia isso. Esse homem deve ser bipolar, penso, mas não consigo evitar o sorriso que surge em meus lábios.
— Tudo bem.
— Já terminou o café? — ele