Ester buscava recomeçar sua vida, deixando para trás um passado de dor e perseguições, ao aceitar trabalhar na mansão de uma poderosa família turca. Porém, seu mundo vira de cabeça para baixo quando descobre que Murat, o homem que marcou seu destino em uma noite de paixão avassaladora, é ninguém menos que o herdeiro do império onde agora está empregada. Murat, irresistível e dominante, a reconhece de imediato. Para ele, o reencontro é a oportunidade perfeita de retomar o que nunca foi finalizado. Para ela, é um teste de força e autocontrole diante de um homem que a desestabiliza em todos os sentidos. Com segredos enterrados e sentimentos mal resolvidos à flor da pele, o choque entre passado e presente cria uma trama cheia de tensão, desejo e reviravoltas. Murat vive sob a sombra de um pai opressor e manipula tudo para manter o controle, enquanto Ester tenta resistir às correntes da paixão que ameaçam aprisioná-la novamente. Quando as lembranças se tornam impossíveis de ignorar e o destino parece conspirar contra ambos, Ester precisa decidir: enfrentará seus medos ou fugirá mais uma vez? Imagem www.freepik.com
Ler mais'' Ah se a gente soubesse o quanto o carinho salva, a atenção alimenta e a união fortalece. Não estaríamos a perder mutualmente todos os dias... ''.” Regina Souza
Ester Marshal.
—Vamos nos ver essa noite?
Murat ergue os olhos para mim, tirando dos documentos que estava lendo. Ele então os guarda na pasta dizendo:
—Não!
Seco.
Sem explicações.
Antes não me incomodava, mas agora está começando a me incomodar.
Trêmula, coloco a xícara de café sobre a mesa.
—Posso saber que compromisso é esse? -Questiono, o encarando, revelando que quero muito mais que um "não". Quero uma explicação.
Quando ele me olha com cara amarrada, enfio minhas mãos debaixo da mesa para ocultar o tremor.
—Trabalho. Ester, você sabe que luto por nós. Gostaria que confiasse mais em mim. Não gosto de dar satisfação da minha vida. Por que essa pergunta agora? -O tom de sua voz sai amargo.
Eu forço um sorriso.
—Faz dias que não nos vemos, achei que ficaríamos mais tempo juntos.
Por baixo da mesa, eu aperto as mãos, cravando minhas unhas em minhas palmas.
Murat suspira e vem na minha direção. Ele me ajuda com a cadeira. Logo que me levanto, ele me abraça.
—Esteja certa de que, se eu pudesse, passaríamos mais tempo juntos. O que esses lindos grandes olhos verdes não me pedem que eu não dê de bom grado?
Sim, ele me dá tudo, menos o seu tempo. Não quero pensar no que eu me sujeitei. Mas, com certeza, contente não é a palavra certa para definir meus sentimentos. Na verdade, eu o amo desde sempre, com toda força e intensidade que esse sentimento exige. Só que me desespera esse jeito dele me ver somente como uma amante.
—Ester, não faça essa carinha triste.
Ele me beija com carinho nos lábios. Eu assinto e o abraço. Conheço bem os dois lados dessa moeda. Sempre vivi entre o deslumbramento e o desalento. Mas nada do que consegui financeiramente me trouxe alegria. O luxo me cerca de todos os lados, mas não sou feliz. Eu entrei numa gaiola, o amor me deixou prisioneira desse sentimento.
—E você? O que fará hoje? -Murat me pergunta.
Estou com meu rosto enfiado em seu peito cheiroso, o ergo e o encaro.
—Hoje tenho aula. —Digo mais sei que ele sabe todos os meus passos.
—E como você está se saindo?
O piano tem me salvo. Acho que se não fosse por ele, eu iria enlouquecer. Eu me dedico tanto, mas tanto que tenho surpreendido meu professor pelo tanto que eu me aprimorei.
—Estou indo muito bem.
—Não duvido que esteja tocando bem. Já faz uns oito meses, não é? Rui me disse que não falta uma aula.
Sim! Rui me vigia o tempo todo e lhe dá relatórios constantes de tudo que eu faço. Murat diz que é para a minha segurança, mas isso não me engana. Murat é possessivo e ciumento. O segurança que ele arrumou é um senhor aposentado. Velhinho, coitado. Não é uma ameaça.
Fora isso, antes de eu começar a estudar, Murat foi pessoalmente ver quem seria, meu professor. Quando constatou que o homem era um gordo inofensivo, ele relaxou. Mal sabe ele que meu professor foi substituído por um homem de cabelos negros, grisalhos nas laterais, boa pinta. Tudo bem que ele é casado, mas Murat não confia em homem nenhum ou em mim.
—Quando terá tempo para me ouvir tocar piano? Você comprou um faz sete meses atrás, está na biblioteca e você não tira um tempo para me ouvir.
Murat respira fundo e olha o relógio.
—Não, sei. Canim(querida). Temos usado o nosso tempo, tão curto, para ficarmos juntos —ele cheio de malícia. — E falando em tempo preciso ir.
Eu solto o ar.
—Está certo. Saiba que o professor me disse que sou muito talentosa. Tanto que estou sendo cogitada para um teste. Se eu passar, participarei do concerto que terá aqui em Londres.
Murat me olha em silêncio. Talvez pensando o que isso representa de ameaça.
—Espere um momento. Você disse concerto em Londres?
Assinto. Ele me olha desgostoso.
Acho que ele está com raiva de quem me contaminou com a vontade de ser independente dele. Sim, se eu conseguir tocar no concerto de Londres, será um passaporte para uma promissória carreira e a minha independência.
—Olhe, Ester. Eu realmente estou sem tempo agora. Depois falaremos sobre isso. Mas não decida nada antes de falar comigo.
—Eu aceitei fazer o teste.
Murat ofega.
—Você o quê?
Ele me solta, irado.
—Porra, Ester! Sabe o que significa entrar para uma orquestra? Viagens. Não foi isso que combinamos. O pouco tempo que temos um para o outro será inexistente.
Suas palavras de sua boca saíram de forma brutal. Claro que reprovando meu atrevimento por ter cogitado fazer algo que dificultaria ainda mais nossos encontros.
—Eu...nem sei se conseguirei entrar. Não é tão fácil assim.
Murat demonstra um alívio com isso. Acho que ele nem acredita que eu consiga.
—Então pare de me estressar me dizendo isso. Nada te falta, há muitas mulheres que gostariam de estar em seu lugar. A fila é longa. Então pare com isso.
Suas palavras me ferem, pois eu sei que ele tem razão. Sei como as mulheres o olham. Murat não é belo, lindo é pouco para descrevê-lo, ele é de tirar o fôlego. Se tivesse uma palavra mais forte para descrevê-lo ele a ganharia. Costumo dizer que ele não é do planeta terra ou foi feito em laboratório.
Fora seu charme, o jeito que ele sorri quando está descontraído, o jeito que ele movimenta as mãos quando fala. Deus! Eu sou louca por ele.
Solto o ar. Talvez por ele se dar conta o quanto ele é irresistível ele seja tão arrogante.
—Murat, não quero te estressar. É que eu me inscrevi e pode acontecer de eu ganhar.
—Então desista. Quer que eu tenha uma indigestão? Pois é isso que irá acontecer se ficar insistindo nisso! Allah!! Esse não é um assunto que eu escolheria para o meu café da manhã.
—Você pensa que é fácil viver na ociosidade? E eu não estou me esforçando à toa. Não quero brincar de tocar piano.
—Achei que tudo que te dou bastasse para você. Tenho me esforçado para estar aqui, mas às vezes meu trabalho e meu pai me seguram.
Ele deve estar me achando uma ingrata. Ele me dá de tudo e eu me revelo descontente. Ele continua:
—E outra coisa, não sou seu pai. Sou seu homem. Não confunda a natureza de nosso relacionamento. Quero você disponível para mim.
Murat se aproxima de mim e como sempre o mundo para e eu fico perdida no seu olhar. Ele adora me deixar cativa dele antes de me beijar. Os beijos dele nunca são inocentes e sim apaixonados e sempre me fazem querer muito mais dele.
Murat toma a minha boca com paixão avassaladora, tirando toda a minha sanidade e me fazendo até esquecer meu nome. Então ele desliza seus lábios no meu pescoço. A atração poderosa começa a agir no meu corpo e eu ofego quando sua mão desce e pegando uma de minhas coxas ele encaixa minha perna erguida nele para eu sentir toda a sua potência enquanto seus lábios me devastam roubando minha mente. Eu me agarro em seus ombros para não cair com o labirinto de prazer que ele me provoca.
—Preciso ir. —Ele diz rouco no meu ouvido e arrastando seus lábios pelo meu pescoço, entre beijos ele o aspira, como se quisesse levar meu perfume com ele.
Ele parece ter dificuldade de se afastar de mim também, com a respiração agitada, sem olhar nos meus olhos, seus dedos pegam meus ombros e me afastam firmemente.
—Cancele esse teste. —Ele diz se virando para ir embora.
Ofegante, aos poucos eu vou também voltando a realidade com suas palavras, mesmo tremendo pelo desejo desperto, eu tenho forças para contestar:
—Não vou cancelar!
Murat se volta e ofegante me encara.
—Como é que é?
Meu olhar está distraído vendo Ester brincando de bola com os nossos filhos na piscina. É inacreditável como o tempo passou. Yasmin, está com nove anos e Osman, oito anos.—A carne está cheirando queimado. —Ouço Tereza dizer.Pisco e só então vejo o fogo alto que se formou. Jogo um pouco de água no carvão para diminuir as chamas.—Droga! Meu pai se aproxima se firmando em sua bengala.—Deixa que eu cuido disso—ele diz.—Não precisa baba. Eu que estava distraído.Ele olha os netos brincando com Ester.—Eles cresceram, não é isso que estava pensando?—Sim, o tempo passou. Tanto que me sinto um velho. A nossa diferença de idade agora está bem em evidência —digo reparando em Ester, que continua linda, com seus trinta e três anos e eu quarenta e oito. Estou grisalho, as rugas evidentes nos cantos dos olhos.—Você não deveria se preocupar com isso. Ester te ama. Não vê como ela olha para você? Como ainda te procura com os olhos nas
EsterEu meneio a cabeça achando graça na dramaticidade deles. Tentando levar na esportiva os pensamentos que me surgem agora.Quando eu estava gravida de sei meses, eu saí para ir ao mercado e peguei um congestionamento enorme na volta. Tudo parado por causa de um acidente. Quando eu cheguei Murat andava de um lado para o outro como um leão faminto, muito preocupado comigo, já que eu tinha ido comprar seis coisinhas e demorei.Turcos!—Está certo pai. Dá uma ligada para ela antes de ir. Para despreocupá-la.Nossa! Vai cair o mundo! Quanto tempo ele ficou aqui? Acho quem nem meia hora.—Sim, no carro eu ligo.—Não esquece! —Murat diz enfático.—Não vou esquecer—ele diz e olha para mim. —Verei com Ayla um almoço em casa.—Será só nós ou chamará todos da família? —Murat questiona estudando o pai.—À princípio só nós. Você não acha melhor?Murat parece aliviado.—Sim, concordo. Yasmin é muito pequena para passar de colo em colo. —Ele diz. Seu senso protetor nível dez agora.—Vou indo. —M
Seis meses depois...MuratO cliente sorri satisfeito ao passar os dedos pela cristaleira.—Vou levar—ele diz sem nem ao menos perguntar o preço. —Há muito tempo tenho procurado por essa peça.—Ótimo, fico feliz de tê-la encontrado aqui—digo enquanto preencho a nota para ele. —Suba até o escritório e acerte com minha esposa. Aproveita e passa seu endereço para a entrega.—Está certo.O sino da porta de entrada soa e eu me preparo para mais um cliente. Quando me volto para ele vejo a figura de meu pai.Meu coração se agita e eu fico estacado olhando para ele.—É assim que recebe seus clientes? —Ele me questiona. —Os deixa plantados esperando ser atendidos?—Ba... —quase o chamo de pai em turco, mas na última hora suprimo as palavras. —Ahmed, o que faz aqui?Meu pai estremece.—Sua loja é como sua mãe descreveu. Muito bem organizada. Não fica aquela impressão de móveis acumulados. Você fez vários ambientes.—Sim. Sempre notei nessas lojas que íamos certa desorganização —digo. —Resolvi i
Tive uma gestação tranquila.Ao longo desses meses, recebi a visita de Ayla que se mostrou uma mulher de fibra, de opinião. Contrariando a vontade do pai de Murat, sempre que pôde, veio nos visitar.No início ela me tratou com uma frieza irritante, cheio de recato, deixando claro que sua vinda era apenas para ver Murat, mas que não aprovava a escolha dele. Só que o tempo foi passando e ela pode perceber através das ações de Murat como ele estava feliz ao meu lado, como ele me tratava com carinho. Isso teve o efeito de um martelinho quebrando toda a resistência dela. E suas visitas rápidas, aos poucos, foram se estendendo. Se tornado em horas, então um dia ela almoçou conosco, outro dia ficou para o jantar e assim foi indo. Quando Yasmin nasceu eu já me dava muito bem com a minha sogra. Nossa filha só veio selar isso com sua vinda. Hoje nosso bebê completa um mês.Ela é um bebê grande, forte e saudável.Linda!O cabelo negro igual ao do pai, os olhos de um lindo azul-esverdeado.Ag
Murat aperta os lábios e solta o ar.—Meu pai sempre valorizou objetos antigos. Se você tivesse visto o quarto dele entenderia o que quero dizer. É como se entrasse na idade média. Todas as peças que ele comprou eu o acompanhei. Quando ele se interessava por alguma e o preço era muito alto, ele levava um amigo nosso, que já até faleceu. Ele era historiador, especializado em peças antigas. Ele que checava se as peças eram apenas uma cópia, e se não, ele avaliava se elas valiam tudo o que diziam. Eu fiquei fascinado com esse mundo. Quando meu pai viu meu interesse, ele investiu em livros caríssimos sobre a veracidade dos móveis antigos. Eu passei a estudar sobre isso nas horas vagas e meu pai pagou John para me ajudar. Além de ele tirar as minhas dúvidas, visitamos muitos antiquários para eu pôr em prática meus conhecimentos. Muitas peças na casa de meu pai foi eu que comprei. Louças, vasos, alguns móveis. Tirando o quarto dele, é claro.Solto o ar, entendendo agora de onde vem essa com
Eu me sinto como se tivesse flutuando nas nuvens. Tudo tem corrido tão bem que dá até medo!Nos casamos no cartório, com poucas testemunhas. Minha tia, a mãe de Murat. Tereza e seu marido que foram nossos padrinhos.Viajamos depois, ficamos vinte dias inteiros hospedados em um hotel em Artemida, na Grécia. Um lugar maravilhoso. Praias de águas límpidas, um verdadeiro paraíso. Foi tão bom estar com Murat em lugares públicos. Andar de mãos dadas pela praia, frequentar restaurantes e assistir o sorriso largo dele experimentando pela primeira vez a liberdade, sem a sombra de seu pai atrapalhando tudo.Logo que chegamos de viagem, juntos, começamos a ver as casas. Nos apaixonamos por uma.Linda!Uma casa de cinco quartos, sendo todos suítes. Bem espaçosa. Cozinha grande, sala de jantar, uma grande sala de estar com lareira. Toda avarandada.O jardim lindo, um sonho. Grande, o gramado cerca toda a casa. Plantas ornamentais espalhadas em vários pontos estratégicos, lindas, em uma combinação
Último capítulo