MIRELA
A gravidez já estava avançada. Eu via meu corpo mudar a cada semana, e confesso que, por vezes, me pegava surpresa encarando o espelho. Tinha algo sagrado e ao mesmo tempo assustador em abrigar uma vida dentro de mim. Cada chute, cada mexida do pequeno Lucas dentro da minha barriga me fazia lembrar da responsabilidade gigante que vinha por aí.
Hoje, o sol entrava bonito pela janela da casa nova. O clima de outono dava um charme especial ao dia. Coloquei uma playlist leve pra tocar, puxei o cabelo pra cima num coque bagunçado e fui até o quartinho do bebê.
Era ali que eu despejava minha ansiedade e meu amor, pincelando cada detalhe com cuidado. Já tínhamos montado o berço — branco com detalhes em madeira clara — e ao lado, a poltrona de amamentação que eu tanto sonhei. Tinha uma parede com papel de nuvens e outra onde começamos a colar quadrinhos com frases doces: “Você foi o maior presente que a vida me deu”, “Filho, você é feito de amor”.
As roupinhas já estavam lavadas e dob