MIRELA
Aquelas foram as horas mais longas da minha vida.
Eu não sabia o que fazer, nem pra onde olhar. Sentia meu peito doer como se alguém estivesse apertando meu coração com força. As lágrimas não paravam, não interessava o quanto eu tentasse controlar. O chão frio do hospital, as luzes brancas, o cheiro de remédio e sangue — tudo parecia sufocante.
Lucas estava sentado do meu lado, de cotovelo apoiado no joelho e a cabeça baixa. Acho que ele não sabia o que fazer também. Estava tão perdido quanto eu, mas tentava ser forte.
— Você precisa respirar — ele disse baixinho, quebrando o silêncio, pousando a mão na minha perna. — Se você desmaiar agora, não vai poder ver ele.
Respirar. Uma coisa simples. Mas parecia impossível. Cada vez que o ar entrava, vinha junto uma dor nova. Um medo novo.
— Eu não vou aguentar perder ele, Lucas… — minha voz saiu falhada, um sussurro que quase nem me reconheci dizendo.
Ele levantou o olhar, os olhos dele estavam vermelhos. Pela primeira vez, vi o Luca