MIRELA
Saí do banho enrolada na toalha, e, quando abri a porta do quarto, Thiago já tava lá. Encostado na bancada da cozinha, me olhando, de braço cruzado, daquele jeito que só ele sabe.
Ele não disse nada. Só veio até mim, em silêncio, pegou minha mão e me puxou de leve até o sofá. Me sentei, ele se abaixou na minha frente, segurou meu queixo e me olhou bem fundo nos olhos.
— Tá doendo, né? — ele perguntou, passando o polegar de leve na minha bochecha. A voz dele tava baixa, mais calma, diferente do tom bruto que ele usou lá fora com o Rodrigo.
Assenti com a cabeça, sem conseguir falar. Meus olhos encheram, mas eu segurei.
— Eu não quero que você ache que... — respirei fundo — que eu tô triste porque me arrependi. Não é isso. Eu tô triste... porque não é fácil, Thiago. Foram anos. É muita coisa. A gente se gostou, se cuidou... e terminar assim, do nada, é pesado, machuca.
Ele balançou a cabeça, me puxou pra sentar no colo dele, e me abraçou forte.
— Eu sei, pequena... — ele responde