Capítulo 5 - A Herança

Foi por muito tempo motivo de escárnio e zombarias para seus opositores. Mas pela misericórdia divina se reergueu como o tronco de uma arvore cortada e esquecida, que mesmo envelhecida brota seus galhos e neles, depois de se estenderem em várias direções, cantam os pássaros e fazem ninhos, alimentando-se de seus frutos e aconchegando-se sob a sombra que deles se apodera.

Carlos era um verdadeiro milagre, pois foi ressuscitado dentre os mortos de espírito, serviria mais uma vez aos propósitos de Pai Celeste. Para resgatar seus filhos que ainda se encontravam perdidos nas trevas que o maligno criou e os prendeu, através do pecado.

Que por ignorância praticavam sem ter quem lhes revelasse a verdade, o sol da esperança voltaria a brilhar, os encarcerados seriam libertos e adorariam a seu Criador. Ele que lhes aguardava ansioso para lhes dizer: “Vinde, benditos do meu Pai, para o reino que para vós foi construído desde a fundação da terra”.

Enquanto Carlos dava continuidade ao sonho de servir fielmente ao seu Deus que com inexplicável misericórdia o resgatou de um mar de lama. Lugar no qual permaneceu durante tantos anos, devido a rebeldia de não querer entender os reais motivos pelos quais teve de passar por tais provações.  Denise, sua filha caçula, acompanhava a inesperada transformação que lhe sobreveio repentinamente.

Atônita com a surpreendente mudança, quando ela mesma duvidou que algum dia voltaria a vê-lo erguer-se da tamanha queda que sofreu anos atrás. Aquela prosperidade tomava espaço no ambicioso coração da filha do então pastor presidente Carlos França Batista. Que sob a poderosa mão de Deus deu início a um dos maiores projetos de evangelização jamais visto na região Norte do Brasil.  Reunindo centenas de novos convertidos ao evangelho, tornando-os em sinceros seguidores de Cristo.

E com isso, atraindo para si e sua missão de salvar vidas os mais importantes olhares da sociedade paraense e brasileira, chamando a atenção até de entidades religiosas internacionais. Que passaram a procura-lo na intenção de fazerem parte do ousado projeto missionário. Naquela noite de sábado, sob os aplausos de quase duas mil pessoas reunidas num auditório localizado no centro da capita, Carlos e sua nova esposa eram recepcionados honrosamente.

 Por importantes representantes das maiores denominações religiosas do país e do exterior. Que reconheciam sua importância na missão evangelizadora do mundo moderno e apontavam para suas técnicas usadas na evangelização. Admiravam-se da forma como conquistava a atenção dos pecadores com o mais eficiente método aplicado até então.

 Cujos resultados eram impressionantemente indiscutíveis, uma grande gama de pastores, evangelistas e missionários, além de leigos estavam ali. Todos aprendendo cada exemplo dado pelo homem que até pouco tempo atrás se e encontrava reunido com outros alcóolatras nas sarjetas das ruas e esquinas que agora levava esperança e salvação no santo nome de Jesus Cristo. E todos o seguiam porque conheceram de perto sua dor e partilharam de seu sofrimento.

 Indagados, algumas vezes, porque acreditavam nas suas promessas de mudança para suas vidas, respondiam conscientes de ser pelo fato dele não apenas ensinar o caminho para a transformação. Mas ele mesmo um dia seguiu pela estrada em direção a luz e foi transformado por ela, o pastor e missionário Carlos França era como poucos que ousava falar como o apóstolo

Paulo nos tempos em que era confrontado por aqueles que criticavam seu ministério. Que duvidavam de seu direito a se considerar um autêntico seguidor de Jesus, por não ter andado pessoalmente com ele durante sua peregrinação: “Eu trago em meu corpo as marcas de Cristo!

 “Era um homem respeitado pelos que o amavam como amigo e líder. Admirado pelos que, apesar de o odiarem eram obrigados a admitir que Deus estava a seu favor. Diante de tamanho brilho e apoio seu ministério pastoral se expandiu a tal modo que passou a ter seu próprio programa nas emissoras de TV e rádios. Publicou vários livros com comentários bíblicos que, devido grande sucesso em vendas, outras edições foram feitas nos dois principais idiomas mundiais e comercializados em vários países Denise passou a ver o pai com outra perspectiva e decidiu se reaproximar.

 Visitando semanalmente sua casa. Incomodando os irmãos mais velhos que estavam atentos ao gesto interesseiro da caçula. A manhã de domingo na companhia dos demais adoradores no templo foi maravilhosa.  Carlos e Meire passaram muito tempo longe da igreja local nos últimos meses. Participando de congressos e compromissos ligados à visitação dos demais campos espalhados por todo o Estado. E reunia-se com seus irmãos na fé exatamente na véspera de seu aniversário, data que não poderia deixar de comemorar ao lado da família e em companhia daqueles que o ajudaram a alcançar enorme prestígio.

A filha, que por tanto tempo esteve ausente, chegou bem no exato momento em que eles retornavam para casa.  Recebendo do velho pai o costumeiro abraço, mas dessa vez teve a ousadia de corresponder, para a indignação dos irmãos que sabiam bem suas reais intenções. Meire percebia o que acontecia entre os jovens, mas não queria se intrometer, deixou rolar. Na verdade, ela concordava com a posição de Daniel e Danilo em se opor a irmã.

 Afinal, durante anos Carlos viveu escravo do álcool e ela sequer demonstrou piedade para com o pai.  Antes, o que a orgulhosa adolescente fez foi humilhá-lo com desprezo todos os dias, enquanto seus irmãos cuidaram dele com incomparável zelo.  Na opinião de Meire e de todos quanto estavam a par daquela triste realidade, somente os dois rapazes eram merecedores de receber qualquer herança deixada por ele, após sua morte. Acontece que o interesse pelos bens de Carlos não partia diretamente da filha e sim dos ambiciosos tios que a criaram. Eram eles, e não ela, os autores do plano de reaproximação da menina por temerem que, pelo fato dela ter se distanciado de casa e dado pouca atenção ao pai por vários anos.

Agora, aos dezoito anos, tendo ido morar com os tios desde os oito, Denise sequer conseguia esconder a frieza com a qual se relacionava com a família. O sorriso amarelado, o abraço sem entusiasmo, o olhar sem brilho e a clara saudade do lar onde cresceu à denunciava. Tudo era falso e até os que pouco sabiam sobre suas reais intenções desconfiavam que algo não estava certo. Comentavam do quanto ela era diferente de seus irmãos. Os dois rapazes, por fim, decidiram enfrentar a irmã numa conversa franca, tentando acabar com toda aquela insuportável farsa:

— Minha irmã, precisamos ter uma conversa bastante franca no que diz respeito sua estadia nesta casa, sabemos que não se trata de querer estar ao nosso lado, é tudo por interesse. Papai já está avançado em idade e você se preocupa em não receber sua parte na herança que ele certamente irá nos deixar. Nós sabemos que como nossa irmã mais nova você tem direitos e não pretendemos lhe negar isso, mas queremos pedi que vá embora. Volte a conviver com aquelas pessoas que realmente quer bem. Não se preocupe, pois tudo o que for seu por direito lhe será entregue após a morte de nosso pai

 — Meus irmãos, sou conhecedora de meus direitos e sei que posso permanecer nesta casa o tempo que quiser, assim como vocês, e a não ser que nosso pai exija minha saída continuarei aqui enquanto me for conveniente

 — Você sabe que poderá enganar papai com esse seu jogo de interesses, mas não a nós. Se insistir com essa farsa iremos nos empenhar em tornar sua vida um verdadeiro inferno até que desista e vá embora

 — Certo, então que seja assim!

O clima entre os três jovens não poderia ficar pior e Meire se viu obrigada a informar o marido da situação, pois na presença dele se comportavam como se estivessem unidos e sem qualquer desavença. Ciente da verdade, Carlos convoca os filhos para entender o que de fato estava acontecendo:

 — Pai, ela não está aqui por sua causa nem para ocupar o lugar de filha a que tem direito, mas tão somente pela herança que pensa receber após sua morte. É tudo um jogo de interesse criado por nossos tios, eles a convenceram de que deveria voltar para casa afim de receber a parte que lhe cabe em seus bens, mas no fundo ela não tem qualquer sentimento pela família que um dia escolheu abandonar

 — Entendo sua indignação contra sua irmã diante do fato dela ter escolhido viver ao lado dos tios, Daniel, mas hoje ela amadureceu. Compreendeu que nós somos sua verdadeira família e decidiu voltar, agora temos o dever de recebe-la de braços abertos e sem ressentimentos. Ela é minha filha e sua irmã, sejamos pacientes com seus erros passados e procuremos viver todos em paz

 — Tudo bem, meu pai, se é da sua vontade deixar que essa impostora continue dentro dessa casa, vivendo essa farsa, que assim seja, mas depois não reclame das consequências que certamente surgirão futuramente

 O filho mais velho retirou-se da sala acompanhado pelo irmão e tudo indicava que não houve um bom senso da parte deles em aceitar uma trégua com a irmã, que usava a máscara de inocência para convencer o pai de estar sendo vítima do ciúme dos dois. Enquanto Carlos escolhia confiar na maliciosa Denise, Janete e o esposo

Claudio, seus tios, davam continuidade ao que de antemão planejaram.  Orientando a sobrinha sobre os próximos passos que deveria dar rumo ao ambicioso objetivo de colocar as mãos nos muitos bens do pai. A comunicação entre eles se dava por meio de um celular que a jovem guardava a sete chaves e só fazia uso em dias e horas combinadas. Marilda, a doméstica, certa vez presenciou uma estranha conversa entre a adolescente e os tios. Crente de que estaria em secreto, Denise recebia orientações sobre como agir em relação aos irmãos e o pai.

A empregada ouviu pacientemente todas as indagações feitas pela moça e repassou em seguida a patroa, assim que ela retornou para casa. Preocupada, Meire deixa Daniel e Danilo a par do ocorrido e, ciente de que o esposo parecia estar cego diante de toda aquela trama, decidiu se unir aos jovens e naquele mesmo dia saíram em busca de ajuda jurídica. 

Otávio, advogado da família, orientou Meire e os dois rapazes a convencer Carlos França a dividir ainda em vida sua herança. Essa estratégia permitiria que ele desse a cada um deles a parte que lhes era devida. Dessa maneira os herdeiros receberiam apenas parte do que o pai já possuía naquele momento, deixando de ter poder sobre os bens futuros.

A ideia agradou os dois irmãos preocupados em evitar que a irmã caçula viesse a tirar maior proveito do que já tinha direito e sem perda de tempo procuraram levar a proposta a Carlos França.  Contando com o apoio da madrasta, tudo sem que Denise estivesse ciente.  A princípio ele resistiu, crente de que não havia necessidade para tomar tal decisão.

 Porém, decidiu concordar quando foi alertado de que essa seria a melhor maneira de saber se de fato a presença da filha ali era por amor a família ou por puro interesse na herança. Eles estavam conscientes de que a irmã ficaria satisfeita com a decisão do pai em dividir a herança em vida, pois estaria ali forçada pelos tios ambiciosos e não via a hora de concluir sua missão e retornar para o convívio entre eles. Por quem tinha verdadeiro afeto.

Claro que isso traria muita dor e tristeza ao pai, que acreditava ter realmente recuperado o amor da filha caçula.  Mas pelo menos terminaria a farsa e ele cairia em si, entendendo que foi por ela enganado todo o tempo. Ao ser notificada sobre as mudanças no testamento e que receberia sua parte da herança em pouco tempo, ela reagiu com um largo sorriso e em seu rosto um brilho como nunca se havia visto antes.

Aconteceu como previsto e sem se dá conta de que estaria sendo testada pelo pai e os irmãos deixou transparecerem suas verdadeiras intenções, permitindo cair por terra a máscara que negou usar ao ser desmascarada pelos dois irmãos. Carlos ficou amargurado e chorava a realidade diante de seus olhos, havia sido enganado pela própria filha que fingiu estar a seu lado por amor, quando o que lhe motivava era apenas o interesse por seus bens.

Entristecido pelo engano ele solicitou que o advogado agilizasse a documentação necessária. Assim, em poucas semanas reuniu os filhos para lhes notificar a partilha dos bens. Após ter repassado a cada um aquilo que lhes era por direito fez um único comentário, usando palavras serenas, mas secas de sentimentos: “Vocês são meus únicos herdeiros, e a família que constitui.

Deveríamos seguir juntos e somente no fim da jornada, quando finalmente eu partisse dessa vida, juntos e de forma ordeira dividiriam entre si a herança. Porém, há entre os três quem escolheu se apoderar de sua parte antes do tempo previsto, usando até de meios ilícitos para tal.

Eu não conheci meus pais e nem recebi deles qualquer herança. Entretanto, aqui estou eu como um homem que apesar das quedas e das feridas conquistou na vida o que hoje deixarei a cada um de meus filhos. Lógico que será em quantidade maior para uns e menor para outros, pois cada um recebe aquilo que merece. Aqueles que permanecerem ao meu lado até o fim levarão mais do que quem escolheu parar no meio do caminho.

Aí está o que tinha guardado para lhes dar, cabe cada qual seguir seu destino como achar melhor ou permanecer ao meu lado”. Ao levantar-se e sair da sala o acompanharam sua esposa e os dois filhos, ficando apenas Denise e o advogado que a orientava sobre como conduzir de forma segura a fortuna que acabava de receber.

Logo em seguida ela liga para os tios e conta a eles sobre as novidades, a herança havia sido dividida e estava em posse de sua parte, eles já poderiam vir busca-la. O golpe parecia ter dado certo, a jovem acreditava ter cumprido sua missão com sucesso e não via a hora de partir e deixar tudo para trás, pois detestava tudo ali, inclusive a companhia daquele homem que não conseguia amá-lo como pai.  No dia seguinte à partilha dos bens Janete e Claudio comparecem na residência do pastor. Pretendiam levar a adolescente de volta a cidade de Castanhal, onde residiam.

Ninguém se opôs ao retorno dela com os tios, haja vista estarem cientes de que tudo teria se tratado apenas de um golpe executado a mando dos dois facínoras. Enquanto a filha ingrata partia, em seu quarto Meire procurava confortar o esposo após tamanha decepção. Por outro lado, Daniel e Danilo bastante indignados enchiam-se de rancor da irmã e de seu mau caráter, desejando nunca mais voltar a vê-la. Apesar de terem recebido parte da herança em dinheiro os dois irmãos concordaram em deixar tudo em poder do pai e permaneceram a seu lado, como não poderia ter sido diferente.

Por orientação de Otávio, o advogado da família, não teriam sido declarados judicialmente todos os bens do autor do testamento. Mas apenas uma pequena parte, afim de que a ambiciosa herdeira recebesse apenas uma minoria do que realmente possuía seu pai e isso contribuiu para evitar um prejuízo maior em suas finanças.  Desde o triste episódio Carlos França mudou completamente seu semblante. Parecendo mais rígido em seus sentimentos para com os filhos e todos ao seu redor.

Denise não conseguiu apenas enganá-lo e roubar-lhe uma significativa quantia em dinheiro. Mas destruiu o pouco de confiança que ele ainda depositava nas pessoas. Seu empenho na obra de Deus, contando sempre com o total apoio de seus familiares. E colaboradores fez com que em pouco tempo aumentassem o número de fiéis e novamente novas congregações se formaram por toda a região paraense. Trazendo significada relevância ao seu ministério, e novamente se tornou notório a importância do trabalho missionário que realizava com afinco e determinação. Naquele mesmo ano publicou seu décimo livro com comentários sobre os mais relevantes temas bíblicos, uma coletânea intitulada “Conceitos Bíblicos”, com mais de seiscentas páginas.

Que teve grande repercussão no meio evangélico e foi recebido pelos cristãos de várias linhas religiosas com entusiasmada aceitação. Isso fez com que o autor da importante obra fosse convidado a dar diversas palestras sobre os temas abordados em seus escritos, principalmente a respeito das falsas religiões que, segundo ele, se espalhavam sorrateiramente sobre a face da terra, enganando a muitos desprovidos das verdades bíblicas.  Daniel e Danilo seguiram o exemplo do pai e, após concluírem as faculdades de medicina e psicologia.

 Formaram-se em teologia, alcançando como Carlos o nível máximo deste importante conhecimento e assumindo o pastorado num dos vários campos existentes. Após estarem devidamente casados e com suas vidas estruturadas. Denise, por sua vez, permaneceu na companhia dos tios e nunca mais retornou à casa do pai para visita-lo.

 Não telefonava, nem sequer enviava qualquer notícia a seu respeito.  Tão pouco interessava-lhe saber como andavam as coisas na vida de seus familiares. Entretanto, teve um péssimo casamento com Adolfo, um falso cristão que talvez conduzido por Deus para puni-la pela forma indigna como se portou com o pai. Enganando-o descaradamente, ele foi uma verdadeira desgraça em sua vida.

 Nessa união gerou dois filhos a quem jamais fez a menor questão de apresentar aos irmãos e ao avô, mas somente aos tios que considerava como seus verdadeiros pais. Ocorreu que, após casados e depois de nascerem os gêmeos, Adolfo afastou-se da vida cristã e passou a se envolver com más companhias. Sua vida era pegar tudo o que ganhava no trabalho para gastar na prostituição e no sustento de seus vícios.  Janete e Claudio se apossaram da herança recebida pela sobrinha e investiram em imóveis em seus próprios nomes.

 Assim, ela nada possuía. Porém, quando se via cercada de necessidades e dívidas era na porta deles que ela batia à procura se ajuda. O que deveria ser seu alicerce financeiro acabou ficando preso nas mãos dos tios ambiciosos que alegavam estar guardando suas posses para evitar que o desorientado marido não gastasse tudo nas drogas.

A falsa teoria convencia Denise de que eles estariam de fato zelando por seu futuro, mas na verdade o que faziam era tomar posse em definitivo do que ela ainda pensava possuir. Adolfo tornou-se extremamente violento e passou a espancar os filhos. Algumas vezes até ela própria era vítima da violência doméstica que por diversas vezes findou numa delegacia e, finalmente, resultou na prisão do agressor.

Sozinha, sem estrutura financeira para continuar assumindo a educação dos filhos, visto que seus tios haviam se apossado indevidamente da herança recebida do pai, Denise entra em completo desespero. Principalmente ao saber que o inescrupuloso casal havia vendido o imóvel onde moravam. Logo perceberam a relação tumultuada vivida pela sobrinha e o esposo viciado.

De imediato perceberam que a separação dos dois seria inevitável e tomaram urgentes medidas para desaparecerem, levando com eles toda a fortuna que adquiriram. Com o esposo preso, devido as agressões, e enganada por aqueles em quem aprendeu a amar e confiar desde a infância, Denise encontrava-se perdida. Encontrava-se sem saber ao certo que direção seguir à procura de uma saída que lhe permitisse sair daquele labirinto de problemas incalculáveis, era orgulhosa demais para pedir ajuda ao pai.

Principalmente por não saber como explicaria o fracasso no casamento que ele não aprovou sem se sentir humilhada. Ou mesmo sobre ter sido roubada pelos tios vigaristas, em quem depositou tanta confiança. Entretanto, pedir socorro a Carlos seria inevitável para amparar os filhos diante da crítica situação vivida naquele momento.

Certamente ele ficaria imensamente feliz por poder finalmente se aproximar dos netos. Algo que por tanto tempo foi impedido. E por querer a felicidade deles ela passou por cima do orgulho, humilhando-se ao ponto de ir ter com o pai. Admitindo seus erros e com lágrimas de arrependimento escorrendo do olhar contristado tomou a mesma atitude do filho pródigo. Pedindo que a aceitasse de volta mesmo que fosse com menos amor que um dia sentiu, nem que ele lhe negasse sua benção e não a visse mais como filha.

  E como aquele pai de coração contristado que recebeu de volta em sua casa o filho rebelde que um dia partiu à procura de aventuras lá fora, num mundo desconhecido, extraviando toda a fortuna que possuía, ele o abraçou. E ordenou que seus irmãos a recebessem com amor, lembrando-lhe que seu lugar jamais foi ocupado no coração de sua família e que seu retorno era aguardado todos os dias.

A filha ingrata que o desprezou por tanto tempo encontrou nele uma resposta imerecida e inesperada, quando mais precisou de socorro ali estava ele para lhe estender as mãos num gesto de misericórdia. Aquela seria uma grande lição de vida que Denise jamais esqueceria. Enquanto Carlos França recebia de volta sua filha perdida os dois vigaristas aproveitavam todas as regalias que o dinheiro roubado da ingênua sobrinha podia lhes proporcionar, pelo menos até chegar o momento de prestar contas com o destino que lhes aguardava.

 Os netos do pastor passaram a ter todo o conforto merecido e a estudar nas melhores escolas da capital. Denise recebeu do pai apoio financeiro e montou uma rede de lojas. Com isso pôde contratar bons advogados para libertar Adolfo da prisão e em seguida colocá-lo numa clínica de recuperação para dependentes químicos, contando sempre com o apoio da família.

Em menos tempo que o previsto ele se liberta das drogas e volta ao convívio com a esposa e seus dois filhos, com a ajuda do sogro retorna a vida cristã.  Sendo logo consagrado a pastor, assumindo um vasto campo missionário com dezenas de templos e pessoas carentes de aprender mais sobre o evangelho e da salvação encontrada somente em Cristo Jesus. Depois de vários anos o progresso ministerial de Carlos França se tornou um exemplo para os mais jovens.

 Missionários pentecostais brasileiros. Seus escritos sobre como praticar o evangelismo em comunidades carentes. Usavam o trabalho social como base de aproximação, levaram muitos a outros líderes evangélicos a usá-los como via de regra indispensável nos seus trabalhos de missões.  Já não apenas buscavam salvar as almas perdidas anunciando-lhes um evangelho seco, vazio de atitudes, mas seguiam o exemplo de Cristo. Que antes de falar para as multidões lhes saciava a fome física e somente depois a espiritual. Foi com o uso deste método que Carlos e seus liderados conseguiram conduzir centenas de pecadores à Cristo

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