Kira sentia todo o seu corpo dolorido, queria abrir os olhos, mas os mesmo se recusavam a obedecer. Alguém passava a mão delicadamente pelos seus cabelos, enquanto encostava algo gelado em suas bochechas, entretanto, era uma sensação boa, aliviava a dor que sentia no local.
A verdade é que ela não queria acordar, naquele momento os problemas haviam desaparecido e tudo o que restava era o desejo de paz.
— Sei que está acordada, Kira. — uma voz familiar a chamava em tom baixo — Compreendo seu cansaço, porém, há muito a ser feito.
Abriu os olhos lentamente avistando Calysto, com um sorriso triste.
— As coisas estão fora de controle...
A capitã passou as mãos sobre o rosto, mesmo tendo desavenças com a rainha das sereias, aquele momento, deitada sobre o colo dela era incrivelmente bom, nem lembrava da última vez que relaxara.
— Onde estou? — a voz saiu rouca e esganiçada.
— Realmnereid. — respondeu passando algo em sua bochecha — Sinto muito por Malesinmar, as vezes ele não sabe se comunicar com pessoas.
Kira levantou, relutante, observou o quarto onde estava, muito provavelmente os aposentos da rainha.
— Centenas de sereias mortas e você ainda aqui? — questionou sonolenta — E quem é Malesinmar?
— A única criatura que se disponibilizou a te procurar.
— Ah, claro que ele não queria me matar. — revirou os olhos — Foi uma boa ideia.
Calysto apenas riu levemente.
— Faz quanto tempo que estou aqui?
— Dois dias. — respondeu — Lhe demos a cura para a doença dos mortos e os arranhões causados por Malesinmar estão quase cicatrizados, entretanto, aviso que terá marcas permanentes, principalmente no rosto.
Ela suspirou se levantando. O ambiente era úmido, percebeu que a calda de Calysto dera lugar a pernas, mesmo que a ruiva detestasse, a situação pedia medidas desesperadas. A capitã se aproximou do enorme espelho enfeitado com pedras preciosas.
Sua aparência era horrível, a camisa de botões rasgada e manchada de sangue, a calça puída, sem as botas, mostrando os pés machucados, os braços cheios de arranhões e duas marcas de garras em suas bochechas chegando até os lábios que se encontravam ressecados, o interior das feridas ainda levemente arroxeado e as bordas vermelhas. Seus olhos voltaram ao tom de azul normal, o cabelo emaranhado, pele manchada e a postura frágil, nem parecia ela mesma, era como se visse outra pessoa, talvez tenha morrido e retornado, seria a explicação que ela desejava.
Calysto se aproximou, receosa.
— Nem sempre vai estar bonita, sabe, mas eu não me importo.
Ela riu sem humor.
— Não tem a ver com beleza, simplesmente percebi que não darei conta de ajudar ninguém, Sr. Willians e Rubi devem ter sido levados pela doença e sabe lá o que aquele maluco está fazendo com Ellenne e Oscar, se ainda estiverem vivos. — disse com os olhos marejados — Eu estou acabada, sem forças, o que farei?
A rainha das sereias estapeou o rosto de Kira, atordoando-a por alguns instantes.
— Essa não é a Kira que eu conheço, aquela que nos enfrentou quando ingressou no mundo da pirataria, esteve entre nós por muito tempo, a mesma que sempre era forte, não temia homem algum, não importando a situação. — berrou — Recomponha-se, há muito a ser feito, você é a única capaz de enfrentar qualquer desafio sem se abalar.
— Os últimos dois anos foram difíceis, eu finalmente entendi que nunca tive um objetivo de vida, apenas vaguei por esse mundo, sem rumo... — sussurrou — E se eu falhar dessa vez?
— Precisa pensar positivo, está exausta, eu compreendo, apenas descanse por um dia, depois Malensimar irá te acompanhar até onde desejar.
Ela abraçou o próprio corpo, tentando manter o controle sobre as lágrimas.
— Há apenas esse bolsão de ar, não saia do quarto, ou morrerá afogada. — informou — Há roupas limpas, tome um banho gelado e vista-se, em seguida se deite e descanse, trarei algo para comer, só não garanto alimentos quentes.
Kira se aproximou a abraçando, deixando a sereia surpresa.
— Obrigada, por tudo. — sussurrou — Mesmo que eu não goste dos métodos das sereias, tenho que admitir o quanto sua presença foi importante em minha vida, me ensinaram muito.
— Infelizmente não poderei cobrar por te ajudar. — ela disse em tom humorado — O velho mundo está morrendo aos poucos, todos seremos eternamente gratos por você.
— Não cantem vitória antes hora.
— Enquanto nos escondemos, você saiu pelo mar, sabendo que era perseguida, mas se preocupou com os outros, possui um coração nobre capitã. — chegou perto de uma mesinha feita de enormes pérolas — Aqui estão, três frascos de lágrimas, um para cada reino, não é suficiente para todos, entretanto, ajuda bastante, mas posso providenciar mais.
Kira entristeceu-se, lembrando dos seus companheiros de tripulação, os únicos que restaram, mais ainda por Sr. Willians, esteve com ela desde o começo e agora o
Em questão dos últimos acontecimentos aconselho aos leitores que não iniciem a leitura, me recuso a continuar disponibilizando meus livros de graça e a plataforma render as minhas custas, assim como de outros autores, os capítulos foram cortados pela metade assim inviabilizando a leitura e consequentemente cortando os rendimentos.
Agradeço a compreensão de todos e preço desculpas pelos transtornos.