Prólogo (III)

- Estou brincando, aprendiz de adolescente - deixou claro – Não foi para você. 6. Chamar pelo nome do ex. Quem acredita que não é proposital? Eu não! Quem faz isto quer chamar a atenção. Eu já fui João, Pedro, Carlos... E fingi que não ouvi.

- E o 7?

- Não seguir as dicas de Jorel Clifford. – Piscou.

- Adorei o papo sexual, senhor Garoto do Podcast. Mas agora precisamos descer. Ou Olívia e Gabe me botarão de castigo.

- O beijo – ele disse – O beijo é alma do negócio. Você pode conquistar um homem com um simples beijo.

- Já foi conquistado com um simples beijo?

- Eu não sou um homem padrão.

- Não beija?

- Eu beijo... Beijo muito bem. Sou um expert.

- Como em tudo que faz, não é mesmo? – Não contive o sarcasmo.

- Sim, claro!

- E já foi conquistado com um beijo?

- Isa, entenda de uma vez: eu não me apaixono. Isto nunca acontecerá comigo.

Suspirei:

- Você não encontrou a mulher certa, Jorel. Eu também pensava assim... Até que conheci Kay. – Temi que saíssem corações dos meus olhos ao pensar nele.

- Você tem que olhar nos olhos dele, assim... – pegou meu queixo e me obrigou a encará-lo, fazendo com que eu conseguisse me ver dentro da cor âmbar de suas íris.

Senti um frio percorrer meu estômago quando Jorel se aproximou:

- Não pode rir...

- Eu não farei isto. – Garanti, tentando me conter.

- Já falou com ele alguma vez? – perguntou, com meu rosto ainda em seu poder.

- Sim... Uma amiga marcou um encontro – confessei, minha voz mal saindo enquanto o encarava, confusa.

- E ele foi? Já deram um grande passo! Se beijaram, então?

- Não.

- Mas... Por que não?

- Ele chegou e disse “Imagina se eu não tivesse vindo”... E eu respondi “Eu chamaria outro”. Então... Ele... Foi embora. – Meus olhos não desviam dos seus lábios, grossos, a barba por fazer me mostrando o quanto ele era diferente de Kay, que sequer tinha barba e sim uma penugem crescendo no queixo, que ele fazia questão de não raspar.

- Você foi... Uma garota bem má. – Ele riu, enquanto eu dava um passo para trás, me escorando na parede. – Não foi nada sedutora.

- Fui sincera.

- Não pode ser. Diga o que ele quer ouvir.

- Estaria sendo mentirosa.

- Ele gosta.

- Gosta? – Quando Jorel se aproximou, minha voz virou um nada.

O empurrei contra a parede, mudando nossas posições e pus meus cabelos para trás. Peguei seus ombros e desci levemente a alça do meu vestido, observando seus olhos descerem para o meu colo, tentando decifrar o que tinha por baixo. Toquei seus lábios com meu dedo e lambi os meus, sentindo o gosto do gloss de tutti frutti, que eu adorava. Jorel abriu levemente os lábios e eu disse, de forma provocante:

- Acho que sei seduzir, querido professor! Passei no teste? – Passei a língua novamente pelos lábios.

Senti as mãos dele irem para minha cintura, que apertou delicadamente. Me puxou para si, fazendo nossos corpos de chocarem.

- Vou me mostrar como é um beijo de verdade, aprendiz de adolescente.

Quando nossos rostos se aproximaram, ouvi o grito de Gabe:

- Que porra é esta?

Nos afastamos imediatamente. Gabe se materializou na nossa frente, como num passe de mágica:

- Estão loucos, é isto? Vá embora agora mesmo, Jorel! – apontou para a saída do corredor.

- Mas... Eu mal cheguei.

- Fora!

- Não aconteceu nada. Eu juro.

- Realmente não aconteceu! – assegurei – Jorel só estava me mostrando uma coisa.

- O pau dele?

- Não! Não era nada disto, Gabe.

- Ela me convidou para o aniversário. – Jorel alegou – E nós somos amigos.

- Amigos? Desde quando amigos se esfregam do jeito que vocês dois estavam? Vocês são o casal mais improvável da história. Caralho, ela tem 17 anos, Jorel!

- Eu... Estou fazendo 18... Hoje. – Lembrei, com a voz trêmula, tamanha fúria de Gabe.

- E eu com isto! Ele tem 27!

- Só o corpo – deixei claro – A mente dele é de 17.

- Isto doeu, aprendiz de adolescente! – Jorel tocou o peito, estreitando os olhos, fingindo tristeza - No seu caso a mente é de 27 e o corpo de 13.

- Você estava olhando para os meus peitos. – Fiquei furiosa – E não parecia achar que eram de 13 anos.

- Eu estava pensando o quanto deve ser triste não ter peitos grandes. A parte boa é que você pode botar implante de silicone.

- Será que tem implante de cérebro? Você precisaria de um.

- Não tenho culpa se seu corpo não se desenvolveu de acordo com a sua mente.

- Já vi você com mulheres com menos corpo que eu.

- Está me stalkeando agora?

- Acha que não tenho nada para fazer da vida?

- Chega! – Gabe gritou – Não vão me convencer fingindo que se odeiam. Eu já conheço muito bem esta história... Sei exatamente como começa e também como termina. A diferença é que eu sou responsável por Isabelle e não deixarei que alguém como você a toque, Jorel.

- Caralho, fala como se eu fosse um monstro!

- Você não é um monstro. Só não merece uma menina tão pura quanto minha cunhada.

- Ok, foi um mal entendido. Posso ficar na festa? – Jorel se desculpou.

- Pode. – Gabe me olhou e disse, a contragosto, porque certamente sabia que eu faria um escândalo se Jorel não ficasse, afinal, ele era meu melhor amigo. E sócio.

Gabe nos deixou seguir na frente enquanto nos acompanhava alguns passos atrás. Descíamos as escadas quando Jorel disse, num tom de voz baixo para que Gabe não nos escutasse:

- Vou suborná-lo... Sei que ele usa uma calça de cowboy que praticamente parte seus testículos ao meio.

- Você é ridículo! Deixe-o se divertir com minha irmã. É a vida deles. Vai cuidar da sua.

- Eu encontrei uma coisa enquanto ajudava Aneliese a se livrar das coisas de Rowan na semana passada, depois do enterro dele – falou olhando para os lados, para se certificar de que ninguém estava por perto.

- O quê?

Abriu levemente o bolso do paletó e vi um celular dentro.

- É o de Rowan?

- Não. Muito melhor.

- O... – arregalei os olhos – Dela?

- Sim, aquela que o nome começa com M.

- O que sumiu no acidente?

Ele assentiu com a cabeça.

- Você... Chegou a tentar ligá-lo?

- Sim... Ou não saberia que era dela.

- E...

Jorel me encarou e sorriu:

- Preparada para mais uma dose de investigação?

- Com emoção e adrenalina? – Não contive o sorriso.

- Sempre.

- Não conte para ninguém. Precisamos verificar tudo antes.

- Eu jamais faria isto. Nossos segredos são só nossos.

- Para sempre! – Sorri.

- Feliz aniversário! – Gritaram todos quando cheguei na sala principal.

Senti a mão dele nas minhas costas e novamente aquele frio percorreu meu corpo, agora na espinha.

- Feliz aniversário, aprendiz de adolescente! Que possamos comemorar esta data juntos, por muitos anos.

Engoli em seco, tentando não entender aquilo de forma romantizada, até porque eu não era nada romântica e tinha noção de que Jorel Clifford era só um idiota bonito sem cérebro.

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