Ela ficou ali, parada em frente à minha mesa, como se também não soubesse pra onde ir. O silêncio entre nós ficou tão denso que eu quase podia segurá-lo com as mãos.
E aí ela fez o pior movimento possível: ajeitou um fio solto de cabelo atrás da orelha. Eu quase perdi a cabeça.
Tirei os olhos dela por um instante, tentando recuperar algum controle. Passei a mão pela nuca, respirei fundo.
— Rafael… — ela chamou meu nome como se estivesse pisando num campo minado.
— Lorena… — respondi, sem coragem de olhar de novo. — A gente não pode.
— Eu sei — ela sussurrou.
Levantei os olhos e ela parecia partida no meio, metade querendo ficar, metade lembrando do motivo pelo qual não podia.
— Se eu ficar mais um segundo aqui… — ela começou, com a voz trêmula. — Eu vou esquecer de tudo.
Meu peito doeu. Literalmente doeu.
— Eu também — admiti, sem conseguir esconder nada.
Ela fechou os olhos, exalou devagar, como se estivesse tentando empurrar a própria vontade.
E então deu um passo pra trás, depois o