Passei a mão no queixo, respirando devagar. O ar ali dentro era pesado, mas me fazia bem. Me lembrava quem eu era quando não tinha que fingir pra sociedade.
Ouvi passos lentos e calculados. Reconheci o ritmo antes mesmo da sombra aparecer.
Tom.
Ele surgiu do corredor, com a postura rígida, olhar submisso, e nem precisou abrir a boca pra eu sentir o clima mudar.
Ele chegou perto e abaixou a cabeça num gesto rápido.
— Eclipse.
Meu título, minha verdadeira pele.
— Achei que não ia vir, senhor.
O mundo virou silêncio por um segundo.
E eu sorri.
Lento e controlado.
Porque ali, naquele galpão esquecido, o policial era só um disfarce.
E todos sabiam exatamente quem mandava.
Tom se aproximou primeiro, a sombra dele se arrastando pelo chão antes mesmo de eu ver o rosto. Ele sempre vinha assim, devagar, como se estivesse medindo o ambiente inteiro antes de dar um passo. Não por medo.
Por hábito e treino.
Ele parou a dois metros de mim e manteve a cabeça baixa, uma obediência que qualquer polic