(Alessandro)
Saí do quarto sem olhar pra trás. As palavras do Gabriel ainda ecoavam na minha cabeça como uma faca girando na carne:
“Quero ficar com você e com o papai.”
E não era comigo que ele falava.
Andei pelos corredores do hospital feito um zumbi. Queria correr, quebrar algo e até mesmo gritar. Mas só continuei andando, firme, tentando manter a respiração estável até chegar no estacionamento.
Abri a porta do carro com força demais, joguei o corpo no banco e bati a porta. Fiquei ali, segurando o volante, encarando o nada.
Só então percebi quando senti algo quente e molhado escorrendo pelo meu rosto. Levei a mão e toquei. Lágrimas.
Fechei os olhos com raiva, cerrei os punhos.
— Merda... — sussurrei, entre os dentes.
Respirei fundo, mas as palavras do menino voltaram de novo, como uma agulha na minha garganta.
“Quero ficar com o papai.”
Mas era o Rafael. Sempre foi o Rafael. O outro. O que ficou.
— Eu sou o pai dele... — murmurei. — Eu.
Engoli seco. Um aperto tomou meu peito, mist