(Alessandro)
Meia hora depois, Diogo entrou na sala. Vestia aquele terno cinza escuro que ele usava em reuniões importantes, o cabelo penteado para trás como sempre. Mas o olhar... não era o mesmo. Frio. Contido. Diferente do Diogo de sempre.
— Sempre pontual — comentei, tentando soar casual.
— Sempre. Alguém tem que levar isso a sério, né? — respondeu, sem sequer esboçar um sorriso.
Sentou de frente pra mim, sem tirar o casaco, como se quisesse deixar claro que não pretendia ficar mais do que o necessário.
— O que a ZetaCorp fez agora?
Mostrei os documentos e expliquei o que Camila me contou. A cláusula dava brecha pra que qualquer das partes rescindisse unilateralmente se houvesse indício de má administração ou conflito societário. E uma denúncia anônima estava circulando entre acionistas.
— Se isso vai adiante, nosso projeto com eles vai por água abaixo — concluí.
Ele folheou os papéis, em silêncio. Mas o jeito como virava cada página — firme demais, sem pressa, mas com tensão nos