(Ponto de Vista de Adrian)
Os últimos dias haviam sido caóticos, uma vez que o aniversário de casamento dos meus pais se aproximava, e eu vinha me dedicando intensamente aos preparativos da festa. Além disso, seria o dia em que eu finalmente pretendia contar oficialmente aos meus pais sobre Jessica e minha intenção de pedi-la em casamento até o final do ano.
Inclusive, já havia comprado um anel para ela. Se tudo corresse como o planejado, faria o pedido durante a festa, na frente de todos.
Ao escutar a batida na porta do meu escritório, ergui o olhar e vi meu pai, James Parker, entrando com uma expressão séria.
— Como está, filho? Quase não temos te visto ultimamente. Sua mãe anda sentindo muito a sua falta. — Comentou ele, sentando-se no sofá.
— Tenho estado atolado de trabalho, pai. Mas, com certeza, vou visitar a mamãe hoje. — Respondi, ao mesmo tempo em que analisava alguns documentos importantes.
— Preciso conversar com você sobre algo sério. É a respeito da empresa. — Coloquei a pasta de lado e me virei para encará-lo, esperando que ele continuasse.
— Desde que assumiu a empresa, sua mãe e eu temos discutido e concluímos que está na hora de você se estabelecer. Com vinte e seis anos se aproximando, acreditamos que está na hora de pensar em casamento.
Ao ouvir aquilo, pensei que fosse o momento ideal para contar sobre Jessica, porém, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele prosseguiu.
— Chegamos à conclusão de que você deve se casar com a neta de Stephen D’Amario, que é a herdeira da família. Como o Sr. D’Amario foi um grande amigo do seu avô, consideramos essa união ideal. — Revelou meu pai, exibindo um sorriso largo.
O choque foi imediato, porque, para mim, era impossível pensar em casamento com alguém que não fosse Jessica.
— Não, pai. Não quero me casar com mais ninguém. Já sei exatamente o que quero da vida, e casar com alguma herdeira não faz parte disso. — Retruquei com raiva.
— Se você recusar, a empresa passará para a neta do Sr. D’Amario. Existe um acordo, assinado por seu avô e pelo Sr. D’Amario, que previa o casamento entre vocês como condição para unir as duas empresas em prol dos interesses das duas famílias. — Afirmou com calma.
— Ainda assim, não vou me casar com ela. Que se dane esse acordo estúpido! — Explodi, tomado pela fúria.
— Ah, filho, você terá que se casar com ela. Se recusar, 40% do Grupo Parker irá para ela. Se for ela quem recusar, 40% do Grupo Amario virá para nós. E se ambos recusarem, 50% das ações de cada empresa será doada para a caridade. — Explicou ele, mantendo o tom sereno.
Soltei um suspiro pesado, ao mesmo tempo sentindo a irritação crescer junto com a angústia de ter que contar aquilo para Jessica, já que todos os meus planos pareciam ruir de uma hora para outra.
— Vou indo agora, porque sua mãe provavelmente já está me esperando. — Disse ele, saindo do meu escritório.
No meio do turbilhão de pensamentos, meu celular tocou.
O nome de Jessica apareceu na tela e, ao atender, fui envolvido pela doçura da voz dela do outro lado da linha.
— Oi, amor! Ainda está no escritório? Esqueceu da nossa noite de encontro aqui em casa? — Perguntou ela.
Eu havia me esquecido completamente do nosso encontro por causa da correria do dia, mas tentei disfarçar para que ela não percebesse.
— Claro que não, amor. Mal posso esperar para te ver. — Respondi, sorrindo só de imaginar tê-la em meus braços naquela noite.
— Tudo bem, então. Te vejo às sete. Beijos, te amo. — Finalizou ela.
— Também te amo, meu bem. — Desliguei o celular, imerso em pensamentos sobre como enfrentaria a questão do casamento arranjado. “Qual seria a reação de Jessica?”
Foi então que tomei a decisão de chamar meu melhor amigo, Noah, que ocupava o cargo de COO no Grupo Parker. Nossa amizade começou no internato, e desde então, nunca nos afastamos.
Peguei o interfone e chamei minha secretária:
— Pode pedir para o Sr. Andrews vir até o meu escritório imediatamente?
Em menos de dez minutos, Noah entrou.
— E aí, tudo certo? — Perguntou, sentando-se à minha frente.
— Meu pai quer que eu me case com a neta do Sr. D’Amario. Caso contrário, a empresa vai para a caridade.
— O quê? Nem pensar. Trabalhamos demais por essa empresa nos últimos dois anos. Seria um desperdício jogar tudo isso fora. — Exclamou Noah. — E a Jessica? Já contou a ela?
— Ainda não, mano. Pretendo contar hoje à noite. — Respondi, massageando as têmporas.
— O Grupo Amario não é comandado pelo Neil Darrell? — Perguntou Noah, franzindo a testa.
Naquele instante, percebi que ele tinha razão.
— Se o Neil Darrell está no comando do Grupo Amario, então isso quer dizer que a neta com quem eu devo me casar é a Chloe Darrell. — Conclui, ligando os pontos.
— Exatamente. Você pode tentar falar com a Jessica sobre isso. Ela pode convencer facilmente a Chloe a recusar o casamento, já que são melhores amigas. — Sugeriu Noah.
— Foi exatamente o que pensei. Preciso ir até a casa da Jessica agora. — Saí do escritório às pressas e segui direto para o apartamento dela.
Não levou mais do que alguns segundos entre eu chegar, tocar a campainha e a porta se abrir, fazendo um sorriso involuntário brotar em meu rosto ao vê-la.
Jessica me recebeu com um beijo e laçou os braços em meu pescoço como se quisesse prender o momento ao passo que retribuí com intensidade, e, num piscar de olhos, já estávamos no quarto, despidos de roupas e hesitações.
Horas depois, descemos para jantar e optei por pedir sushi, o que era o mais seguro, considerando que Jessica, embora encantadora em tudo o mais, mal sabia ferver água. Na cozinha, ela podia ser um desastre, mas na vida era tudo o que eu queria.
Terminamos o jantar conversando sobre o nosso dia, até que, de repente, me lembrei da conversa com meu pai.
— Amor, preciso te contar uma coisa importante. — Falei, segurando suas mãos junto ao meu peito.
Então, expliquei toda a situação, desde a proposta de casamento até a fusão das empresas, e as consequências de uma possível desistência. No entanto, antes que eu pudesse sequer mencionar o nome de Chloe, Jessica reagiu com raiva:
— Então, é isso? Vai me abandonar para casar com uma rica mimada qualquer?
— Não, amor, a única pessoa com quem eu quero me casar é contigo. Não consigo sequer imaginar estar com alguém além de você. — Assegurei.
— E esse casamento não vai acontecer. Tudo o que você precisa fazer é convencer a Chloe a recusar a proposta.
— A Chloe? O que ela tem a ver com essa proposta? — Perguntou ela, confusa.
— Ela é a neta com quem eu deveria me casar. E, como é sua melhor amiga, você pode convencê-la facilmente a dizer não. — Expliquei.
Um sorriso se formou nos lábios dela, que logo me abraçou com força.
— Isso vai ser fácil. Ela está namorando o Justin agora, então não tem por que ela querer casar com você. — Disse, com evidente alívio.
— E eu nunca vou me casar ou amar outra pessoa que não seja você. — Declarei, beijando sua testa com ternura.