Capítulo 8
Gabriela despertou no hospital na manhã seguinte.

O médico, com uma expressão séria, explicou a situação:

— Seus ferimentos já não estavam completamente curados, e agora você levou mais duas facadas. Se não fosse por um transeunte que te trouxe a tempo, você provavelmente teria morrido de hemorragia. Seu corpo está fraco, e você precisa que sua família cuide de você. Não pode continuar se arriscando sozinha.

Transeunte?

Naquele momento, Guilherme estava do outro lado da rua. O que ele estava fazendo?

Gabriela se lembrou da noite anterior no bar. Ela sorriu amargamente para o médico e balançou a cabeça:

— Eu não tenho mais família.

— Gabriela, eu realmente não entendo como você ainda tem a cara de pau de continuar grudada no Guilherme. — A voz de Giovana ecoou pela porta. Gabriela virou o rosto e viu a mulher parada ali, os braços cruzados e um sorriso de triunfo estampado no rosto. Giovana parecia estar perfeitamente bem. Ela entrou no quarto com passos elegantes, continuando. — Ontem eu só precisei fingir um desmaio e, mesmo assim, o Guilherme largou você para me trazer ao hospital. Se eu fosse você, já teria assinado o divórcio há muito tempo. É com essa cara de pau que você conseguiu ficar ao lado dele todos esses anos? Gabriela, eu realmente te subestimei. Sua sorte é maior do que eu imaginava.

Cada palavra de Giovana estava impregnada de sarcasmo e desprezo. Ela claramente queria provocar Gabriela, esperando uma reação explosiva. Mas ela estava errada.

Gabriela já não sentia nada. Sem dar importância à provocação, respondeu com calma:

— Se você está com tontura, deveria descansar mais. E, se vai fingir, faça direito. Um dia ele vai descobrir, e seu sonho vai acabar.

— Você...! — Giovana tentou retrucar, mas foi interrompida por passos que se aproximavam.

Giovana rapidamente se jogou ao lado da cama, fingindo desequilíbrio, e gritou:

— Gabriela, eu só vim saber como você estava. Não precisava me empurrar! O que eu fiz de errado para merecer isso?

Guilherme e Rafael, que estavam entrando no quarto, ouviram exatamente aquela frase.

Guilherme não segurou a irritação. Ele deu passos largos até Giovana, ajudou-a a se levantar com cuidado e olhou para Gabriela com raiva:

— O que você está fazendo? Você cria confusão lá fora, e agora quer colocar a culpa na Giovana?

Rafael correu até a cama e, antes que Gabriela pudesse reagir, deu um soco em seu abdômen:

— Você é uma pessoa má!

O golpe acertou exatamente o local dos ferimentos de Gabriela. A dor foi imediata e intensa, e o sangue começou a escorrer rapidamente por baixo do cobertor.

Gabriela tremia de dor. Com a mão trêmula, apertou o botão para chamar a enfermeira.

Guilherme ficou parado, atônito, observando a cena. Por um breve instante, algo como arrependimento passou por sua mente.

A enfermeira entrou às pressas no quarto. Ela rapidamente começou a tratar Gabriela, trocando os curativos enquanto tentava conter o sangramento. Quando ela entendeu o que havia acontecido, não conseguiu segurar a indignação. A enfermeira olhou diretamente para Guilherme e disse:

— Você é o pai desse menino, certo? Como é possível que não ensine limites a ele? Ele quase abriu os pontos da paciente. Se ela tivesse uma hemorragia grave e morresse, você assumiria a responsabilidade?

Guilherme abriu a boca para responder, mas não disse nada.

Giovana, tentando aliviar o clima, interrompeu com um sorriso forçado:

— Ah, ele é só uma criança. Não sabe medir a força ainda.

Rafael, vendo o apoio, rapidamente se escondeu atrás de Giovana.

A enfermeira estreitou os olhos, como se reconhecesse alguém. Então, com um tom ácido, soltou:

— Você é a amante desse homem, não é? Foi você que pediu todos aqueles exames de corpo inteiro ontem, mesmo sem ter nada? Fingir desmaio tem limite, sabia? Não ache que todo mundo aqui é idiota.

As palavras da enfermeira foram diretas e cortantes, algo que provavelmente não deveria ser dito por alguém na posição dela, mas era impossível para ela ficar calada diante da situação.

O rosto de Giovana ficou pálido imediatamente. Guilherme lançou um olhar questionador para ela, claramente desconfiado.

Desesperada, Giovana tentou se defender:

— Gabriela, por mais que você me odeie, não precisa manipular o pessoal do hospital para inventar mentiras sobre mim, não é?

Giovana suspirou baixinho, com um olhar de quem suplicava por compaixão, enquanto fungava de maneira delicada e calculada.

Guilherme, em um piscar de olhos, colocou-se ao lado da Giovana, lançando um olhar frio e acusador para Gabriela:

— Você realmente me decepcionou. Peça desculpas à Giovana.

Gabriela, que já havia sido ferida duas vezes e escapado da beira da morte, lembrava-se bem de como quase perdeu a vida porque o marido não se preocupou em levá-la ao hospital a tempo. Agora, o marido dela queria que ela se desculpasse com uma amante que não tinha ferimento algum, mas que sabia mentir e manipular como ninguém.

Era simplesmente ridículo.

Gabriela apertou os lábios com força e fechou os olhos, tornando sua posição absolutamente clara.

Guilherme, irritado, pronunciou cada palavra com frieza:

— Se você não pedir desculpas a ela, não conte mais comigo para te visitar.

Sem esperar por resposta, ele se virou e saiu, deixando a porta bater atrás de si.

E ele realmente cumpriu sua palavra. Durante duas semanas inteiras, Guilherme não apareceu.

Enquanto isso, Giovana fazia questão de enviar diariamente mensagens com fotos da “família feliz” que formavam, ela, Guilherme e Rafael.

Gabriela nem se dava ao trabalho de abrir as imagens. Em vez disso, ela baixava todas e as guardava em um arquivo específico.

Finalmente, no dia em que o acordo de divórcio entrou em vigor, Gabriela insistiu em ter alta do hospital. De volta para casa, ela arrumou suas últimas coisas, reservou uma passagem de ônibus e, antes de sair, ela compilou todas as fotos e vídeos enviados por Giovana. Com cuidado, Gabriela criou um arquivo compactado e programou um e-mail para ser enviado automaticamente.

Antes de partir, Gabriela deixou o acordo de divórcio em um lugar bem visível na casa.

“Adeus a esta casa que só me trouxe dor e sufoco. Adeus a esse pai e filho que transformaram minha vida em um martírio. Que seja para sempre.”
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