CAMILA

O quarto do hotel era maior do que o meu antigo quarto na pensão. As paredes em tom creme refletiam a luz suave dos abajures, uma cama imensa, impecavelmente arrumada com lençóis brancos, parecia saída de uma revista de decoração. Tinha um aroma leve no ar, o silêncio absoluto, a sensação acolhedora… tudo contrastava com o tumulto que batia dentro de mim.

Era um hotel bom, muito bom. Bem acima de qualquer lugar onde eu já tivesse me hospedado, mas eu precisava estar ali. Precisava colocar distância. Precisava respirar. Ali, ninguém sabia quem eu era, não sabiam do meu acordo com Leonardo. Ninguém sabia do bebê. Não esperavam nada de mim. E aquilo, por um instante, foi um alívio.

Caminhei até a janela. A vista mostrava a cidade de cima: prédios iluminados, carros cortando a noite como riscos de luz, vida acontecendo em todos os cantos indiferente a minha situação. E eu ali, sozinha, pela primeira vez desde que entrei naquele acordo. Passei as mãos pelo rosto, respirando fundo.

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