Acordei antes do despertador tocar. A luz da manhã entrava pela fresta da cortina, delineando o quarto num tom dourado e silencioso.
Passei a noite inteira rolando na cama, sem conseguir encontrar uma posição confortável. O cobertor parecia pesado demais, o quarto grande demais, o silêncio alto demais. Tudo porque, por mais que eu tentasse forçar meu cérebro a pensar em outra coisa, ele insistia em voltar sempre para o mesmo ponto.
Para ela.
Eu costumava dormir profundamente, como alguém que precisava apagar o mundo por algumas horas para sobreviver ao próximo dia, mas naquela noite, não. Eu fui completamente tomado pela sensação estúpida e incontrolável de que a noite anterior não deveria ter me afetado, mas afetou.
Respirei fundo, irritado comigo mesmo. Eu era melhor que isso. Sempre fui.
Mas enquanto fazia a barba naquela manhã, vi o meu reflexo endurecido no espelho… e percebi que havia algo diferente nos meus olhos. Menos distância e controle. Uma vulnerabilidade que eu não perm