Naquela noite, quando o carro atravessou os portões da mansão e a quietude substituiu o burburinho da festa, percebi algo estranho: eu ainda estava com o peito apertado.
Logo que o motorista estacionou em frente à escadaria. Saí primeiro, esperando que Camila descesse em seguida. Ela saiu devagar, segurando a barra do vestido com uma mão.
— Boa noite, senhor Leonardo. Boa noite, senhorita Camila — disse o motorista, antes de partir.
Assim que o carro sumiu ao longe, o silêncio caiu sobre nós como um cobertor pesado.
— Foi uma noite… produtiva — comentei, sem saber por que havia dito aquilo.
Ela me olhou por um segundo e havia algo naquele olhar que eu não sabia decifrar. Ainda desconfiada e distante. Mas não mais indiferente.
— Foi… diferente. — ela disse, simplesmente. — Obrigada por me levar.
Assenti.
Eu não devia ter reparado na forma como a luz acariciava os ombros dela, ou como o vestido caía perfeitamente sobre seu corpo. Não devia ter reparado em nada disso, mas reparei. E esse