AYLA
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O silêncio veio de repente, como se o mundo tivesse prendido a respiração. O som do mar se calou, os estalos da madeira do barco desapareceram, e até mesmo o vento, que minutos antes assobiava entre as frestas da cabine, sumiu sem aviso.
Caio se afastou, com os olhos arregalados presos à cama que, até instantes atrás, havia se movido sozinha.
Eu me sentei devagar, puxando o vestido de volta para o lugar, o coração martelando tão forte que me senti tonta.
— O que foi isso?
A voz dele quebrou o silêncio como um trovão, carregada de confusão e um toque de medo.
Não consegui encará-lo. Meus olhos estavam presos às tábuas do chão, onde as sombras dançavam sob a luz fraca da lamparina. Uma lágrima escorreu solitária pelo meu rosto, quente e pesada, e eu a enxuguei com a ponta dos dedos antes que ele percebesse.
Mas Caio percebeu.
— Ayla...
Ele murmurou, dando um passo à frente.
— O que aconteceu aqui?
Engoli em seco. Eu sabia exatamente o que havia acontecido. Sentia o peso inv