Dezoito anos.
Esse era o tempo que me separava dela.
O tempo que precisei suportar com a ausência que dilacerava cada fragmento da minha existência. O tempo que passei vivendo como um espectro entre os humanos, sem propósito, sem alma.
Ainda morava com Ethan.
Éramos amigos, quase irmãos. A convivência com ele tornara-se minha âncora. Diferente de mim, Ethan seguiu sua vida. Estava noivo de uma mulher que conheceu na academia, uma humana gentil, de sorriso fácil e coração firme. Ele dizia que ela trazia paz. Eu não sabia mais o que isso significava.
Numa dessas noites vazias, enquanto o silêncio pairava sobre a casa, Ethan sentou-se comigo na varanda, observando o céu.
— Já se passaram dezoito anos.
Eu disse, com a voz embargada, encarando a lua. — E não houve nenhum sinal. Nenhum sussurro. Nada.
Ethan me lançou um olhar tranquilo, como quem observa uma criança aflita.
— Você saberá.
Disse ele.
— Quando a alma dela voltar, você vai sentir. Porque ela está presa a você. E você a ela. A