O silêncio tomou conta da sala por um instante, como se o mundo inteiro tivesse prendido a respiração. Eu não sabia como reagir. A presença daquela senhora, o olhar cheio de dor e sabedoria, e a lembrança da Ayla... tudo parecia me esmagar por dentro.
— Você sentia que amava ela, não é?
A senhora perguntou com a voz baixa, mas firme.
Assenti, engolindo em seco.
— Sim.
Respondi.
— Mesmo antes de saber quem ela era. Mesmo sem compreender o que estava acontecendo. Eu lutei contra isso… mas era como se minha alma não tivesse escolha.
Ela sorriu, mas era um sorriso triste, como quem conhece as dores do tempo.
— Isso porque você nunca teve escolha, Azrael. E Ayla também não.
Me aproximei devagar, confuso.
— Como assim?
Ela suspirou e se sentou numa cadeira de balanço que rangia levemente com o movimento.
— A história que você conhece, é apenas a ponta do véu. Muito antes de Ayla nascer, antes mesmo de Eliza, Clara, ou qualquer outra das mulheres da nossa linhagem, nós já éramos caçadas.