O dia que Belmonte parou

O sol do meio-dia batia como uma lâmina quente sobre a praça de Belmonte. Era aquele tipo de calor grosso, grudento, que parecia gritar na pele. A poeira subia com cada passo, cada casco, cada roda de carroça que cruzava a rua principal. O cheiro de esterco, suor, couro e gordura de fritura das barracas misturava-se no ar, formando uma massa quase sólida, difícil de respirar.

O leilão fervia. Não só de calor, mas de tensão. Aquelas horas que parecem vibrar no peito, em que todo mundo fala mais baixo, observa mais, calcula mais. A especulação corria como vento em pradaria seca, soprando desconfiança de ouvido em ouvido.

As rezes mais magras, as mais judiadas, as que ninguém queria, já tinham ido. Agora era a nata. O gado bom. O gado que valia dinheiro. E com ele… a malícia. O veneno. A língua solta de Luck.

Luck rodava pela feira como mosca em ferida aberta. De boca em boca, de ouvido em ouvido, sussurrando daquele jeito asqueroso de quem não faz jogo limpo — e nunca fez. — É bonito, s
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