Narrado por Mikhail Petrov
O som suave do motor do jato particular preenchia o silêncio da cabine, quase como um sussurro constante, uma respiração mecânica que me mantinha ancorado à realidade. A luz dourada do amanhecer atravessava as janelas do avião, pintando o interior com tons quentes e suaves. Meus olhos estavam cravados nela. Mia.
Ela dormia sobre a cama ao fundo da cabine, toda espalhada, os cabelos bagunçados e os lábios entreabertos. Havia algo de brutalmente inocente e selvagem nela ao mesmo tempo. Como se o universo tivesse decidido misturar fogo e calma num só corpo. Mia Walker. A mulher que atravessou meu inferno particular e o fez parecer lar.
Observei os detalhes do rosto dela com uma concentração quase obsessiva. A linha do maxilar delicado, as sardas suaves perto do nariz, os cílios que tremulavam levemente mesmo em sono profundo. Eu queria memorizar tudo. Cada traço, cada gesto inconsciente. Porque, mesmo que o mundo se apagasse, eu queria carregar a imagem dela ta