Gabriel estacionou na garagem de casa, o motor silenciando com um clique. Por um momento, ficou ali, encarando o painel, o celular no banco do passageiro como uma bomba-relógio. A ideia de entrar em casa e enfrentar Giana o fazia querer dar meia-volta, mas fugir só pioraria as coisas. Ele pegou o celular, o peso do anel em seu dedo parecendo mais pesado do que nunca e saiu do carro.
Ao abrir a porta, o silêncio da casa o envolveu, quebrado apenas pelo som distante de pratos sendo guardados na cozinha. Giana estava lá, de costas para ele, arrumando a louça com movimentos precisos, quase mecânicos. O cabelo preso num rabo de cavalo baixo balançava levemente, e a tensão em seus ombros era visível mesmo à distância. Gabriel hesitou na entrada, estranhando a cena a sua frente. Desde que se casara com Giana, Gabriel nunca a viu na cozinha. Principalmente lavando a louça.
— Cheguei. — disse ele.
Giana não se virou imediatamente. Ela terminou de guardar um prato, fechando o armário com um