O quarto onde me colocaram era frio e cheirava a pedra molhada, como o quintal depois da chuva forte. As paredes cinzentas eram altas, com rachaduras que pareciam teias de aranha gigantes, e uma janela pequena, lá no topo, deixava a luz da lua cheia entrar, fazendo sombras dançarem no chão como fantasmas. Eu estava sentado num colchão velho, o pano rasgado pinicando minhas pernas, e meu coração batia rápido, como quando corria com a mamãe no parque até ficar sem fôlego.
Queria a mamãe. Mas aqueles homens grandes, com vozes grossas e olhos duros como pedras, me trouxeram para cá, e eu não sabia por quê. Minha barriga doía de medo, como se tivesse engolido uma bola pesada, mas lembrava das histórias da mamãe sobre ser forte, como um lobo que nunca desiste, mesmo quando está com medo. Então fiquei quieto, abraçando os joelhos, olhando tudo com cuidado. Os homens passavam pela porta de ferro, falando alto, às vezes rindo, e notei que nem sempre olhavam para mim. Isso era importante, como