A carta ainda queimava em minha mente enquanto atravessava a floresta, o papel amassado no bolso da jaqueta como um peso vivo. “Ele não é o que parece, Princesa.” As palavras me perseguiam, mas minha loba rugia, exigindo que eu ignorasse o aviso e seguisse o chamado que pulsava em meu sangue. O ar da noite era denso, cheirava a musgo e pinho, e o luar filtrado pelas copas das árvores lançava sombras que dançavam como espectros. Meus pés descalços afundavam na terra fria, cada passo ecoava com a batida descompassada do meu coração.
Antes mesmo de vê-lo, eu o senti. Uma onda de energia primal, como um trovão silencioso, fez minha pele arrepiar e minha loba se eriçar. Parei, o peito arfando, os olhos varrendo a escuridão. Ele estava ali. O lobo negro. Sua presença era um peso no ar, um magnetismo que me puxava como se eu fosse ferro e ele, um ímã.
— Apareça — sussurrei, a voz trêmula, mas carregada de determinação. Minha loba uivou, vibrando sob minha pele.
Então, ele emergiu. Das sombra