Antonela Meu cérebro parece ter congelado, assim como meus olhos que não conseguem desviar da imagem daquele homem incrivelmente lindo e atraente à minha frente. E não, eu não estou morta, mas acho que estou prestes a morrer agora. Morrer de felicidade e emoção.Também não é uma miragem, tão pouco estou sonhando. É totalmente real e sim, é um milagre materializado bem diante de meus olhos.Aquele olhar profundo e intenso que eu conheço tão bem continua o mesmo, e me encara com uma mistura de emoções que tenho certeza são iguais às minhas. Eu não sei como é possível, só sei que é real. Ali, a poucos metros de distância, dentro deste lugar sagrado e milagroso, eu fui abençoada. Alexandre, o meu único e grande amor está diante de mim. Vivo e tão próximo, tornando concreto e real, meu pedido diário a Deus, de que tudo fosse um engano e eu despertasse daquele pesadelo. Fiquei petrificada, assim como as imagens sagradas da catedral, e um rápido movimento que Alexandre fez ao tirar sua mã
Antonela— Eu queria te carregar no colo, mas essa minha perna tá fodidä! Porém, já melhorou bastante! — Alexandre diz ao abrir a porta do seu quarto e apontar para sua perna. Quando tentei perguntar sobre o que tinha acontecido, ele me beijou, silenciando minhas palavras e me puxando pela mão.Eu apenas sorri.Senti meu coração disparar no peito quando finalmente entrei no quarto dele, um ambiente também muito acolhedor e elegante, com cortinas entreabertas, que Alexandre tratou logo de fechar, ligando rapidamente o ar-condicionado para aquecer o cômodo. No centro do quarto, uma cama enorme, com lençóis em tons de preto e branco, combinava com o restante da decoraçã. Com certeza ele vive muito bem financeiramente, pois é notável o quanto tudo é da melhor qualidade em sua casa.Ele tira o casaco e se aproxima de mim, colocando uma mecha do meu cabelo trás dos ombros enquanto me olha fixamente. Ele mordeu os lábios. Seus olhos eram incrédulos, como se ainda não acreditassem que eu esta
AlexandreFinalmente, depois da angústia e da saudade que rasgavam meu peito durante todo o tempo em que Antonela e eu estivemos separados, totalmente por culpa minha, estávamos juntos novamente. Ela entendeu a mensagem no passaporte. Entendeu que era um recado meu nas entrelinhas, e só quem ama de verdade seria capaz de decifrar.As batidas do meu coração soavam barulhentas e aceleradas como uma britadeira enquanto eu me aproximava da figura mais linda e doce que passou pela minha vida. A minha Chocolatinho. Se eu fosse cardíaco, com certeza morreria dentro daquela igreja. Agora, de verdade.Ao fixar meus olhos nela, foi emoção pra carälho.A felicidade em finalmente ver o rosto que pensei que nunca mais veria, me fez ter a certeza que Deus existe e que o amor supera tudo. Quando os dois querem. A sensação era uma onda imensa de alívio. Alívio por estar diante dela outra vez. Alívio por não precisar mais fingir a minha morte.Cada olhar trocado era um elo sendo refeito contra todas a
AlexandreApós saciados mais uma vez, tomamos banho juntos e ao voltar para o quarto, Antonela olha seu celular vibrando insistentemente e então se assusta.— Meu Deus, Alexandre são 19 horas, eu perdi a noção do tempo aqui!— E daí? Pergunto.— É o último dia do ano, Alexandre! Preciso ir! — ela fala enquanto coloca apressadamente suas roupas.— E qual problema? Sua família tá aqui com você? Eu vou lá falar com eles, então! — levanto também colocando minha roupa.— Não, meu amor, minha família não está aqui! — Ela ri. — Mas eu preciso te contar uma coisa que você não sabe.Só me falta ela dizer que tá casada...— Você tá com alguém? É isso, Antonela? — Pergunto irritado jogando de volta a minha camisa sobre a cama. — É claro que tá! Eu te expulsei da minha vida, você tinha todo direito de seguir em frente. — Neguei com a cabeça a minha própria constatação.Ela sorri novamente vindo até mim e segura meu rosto com as duas mãos.— Para! Não é nada disso! Depois de tudo que aconteceu hoj
PRÓLOGOAponto meu fuzil na cara dele, não tem pra onde ele correr, tiro e bomba pra todo lado, está encurralado. Esse momento é a glória pra mim.Meu companheiro também tem a mira apontada pra ele.— Demorou mas chegou tua hora! — falo na cara dele.Sujeito ruim, ele me encara sem demonstrar sentir medo algum da morte.Movimento o dedo pra apertar o gatilho. Meu telefone toca, atendo sem tirar os olhos dele.Do outro lado da linha, aquela voz tão familiar:— Você não pode matar ele!A porta se abre, me viro e ele aponta a arma pra mim, volto a atenção para a ligação novamente.– Ah não? Por quê? — Pergunto rindo, mas a resposta não foi nada engraçada.DIAS ATUAISSEGUE O MOMENTO EM QUE FERNANDA LÊ A MENSAGEM NO CELULAR DE FELIPE DURANTE A COMEMORAÇÃO DO CASAMENTO.FernandaDurante a tarde, precisei subir até o quarto para colocar o meu celular para carregar e na escrivaninha da cabeceira, o celular pessoal do Felipe que estava lá, vibrou algumas vezes. Não sei se por curiosidade ou i
FernandaEle me olha perplexo, não sei se era porque eu já sabia da criança ou porque eu estava gritando. Ele vira de costas bufando e passando as mãos no cabelo. — Fala, Felipe! Com qual vagabund* você transou sem ter o mínimo de descendia de se prevenir? Arriscando me passar alguma doença, você é um escroto mesmo!— Não fala besteira, Fernanda! — Falou se virando para mim.— Ah, besteira? — eu ri ironicamente.— É besteira sim! Você acha o quê? Que eu saio comendo essas vagabund*s por aí sem me cuidar? Tá maluca?Nessa hora eu gargalhei alto.— Ah claro, você usa camisinha mas uma piranha engravidou de você, tá certo. — bati palmas. Eu estava impressionada negativamente comigo mesma, nunca fui uma pessoa que resolve as coisas gritando ou falando palavrões.— Eu te amo, caralh*! Põe isso nessa sua cabeça. A única pessoa com quem eu transo é você. – ele encheu um copo de whisky e tomou puro, sem gelo.— Nem você acredita nessa mentira que está tentando contar. A prova disso é essa cr
FernandaFui indo em direção a garagem, coloquei minha mala no carro e abri a porta do carona para entrar, mas ele a bate com força me impedindo.— Para de agir feito criança, caralh*!Olhei para ele incrédula. Felipe estava com os olhos vermelhos, não sei se por não ter dormido ou por ter usado alguma coisa.— Criança, eu? — falei um tanto debochada enquanto cruzei os braços e me escorei no carro. É, talvez eu estivesse sendo um pouco infantil mesmo, mas eu estava com muita raiva dele, então acho eu que tinha esse direito.— Você sai transando com todas as mulheres que aparecem pela frente sem se prevenir, mas eu é quem sou criança? Tá bom! — ri debochada no final.— Não fala o que você não sabe! — ele respondeu.— Felipe, vamos fingir que esse circo que você montou aqui ontem, não aconteceu, tá legal? Agora eu entendi, você fez esse teatro todo de casamento para que eu não descobrisse sobre seu “outro filho”. — falei com aspas porque estou com muito ódio e ele pegou meu braço com fo
FernandaNesta hora eu fiquei estarrecida com o que ouvi, nos olhamos alguns segundos e apertei firme a mão dela para que ela entendesse que poderia se abrir comigo, se ela se sentisse confortável para isso.— Fernanda, os primeiros anos do meu casamento foram de total infelicidade. Desde que conheci o Jorge, ele ficava com várias mulheres, mas eu me apaixonei perdidamente por ele e engravidei tão novinha que precisei casar, ou melhor, morar junto, pois sendo menor de idade eu precisaria de autorização dos meus pais e isso não era possível. Eu morava na pista com eles, não éramos ricos, mas tínhamos uma vida confortável e quando meu pai soube da gravidez, descobrindo ser de um traficante, me expulsou de casa e eu não tive outra opção, a não ser morar no morro com o Jorge.— Meu Deus, Ângela! E como o Jorge reagiu?— Ele ficou muito feliz com a gravidez, é claro, desde o começo dizia ser um menino, me levou para viver com ele no Jacarezinho e aí começou o inferno que foi o início da no